A estratégia empresarial da CPFL Energia será mantida mesmo com a recém anunciada sucessão do CEO, Wilson Ferreira Júnior. A partir de 1º de julho, quando André Dorf assumir o cargo, a meta é manter o crescimento da empresa com base na criação de valor. A avaliação de ambos os executivos é de que esse momento seria o mais adequado para a transição face o momento da empresa e do setor elétrico, que oferece oportunidades para a consolidação dessa meta, com foco na disciplina financeira, fator defendido nos últimos anos.
Dorf afirma que o setor elétrico está melhor do que no passado recente com as alterações regulatórias pelas quais o país passou. E que associado a isso a empresa está em seu melhor momento, posicionada com ótimos indicadores de eficiência, custo e de operação. O principal desafio está no curto prazo com o atual ambiente econômico e político pelo qual o país passa, mas que como o objetivo da empresa é de longo prazo, a companhia segue otimista e preparada para quando a economia retomar o crescimento.
Na questão financeira a empresa está de olho em pontos como as condições de crédito, gestão de alavancagem e de estrutura de capital são importantes nesse momento. No longo prazo, está a essência do negócio da CPFL e, nesse sentido, o planejamento é fundamental, indicando que a empresa mantém a tarefa de avaliar ativos que possam ser considerados oportunidades de negócios.
“Não temos hoje um direcionamento para promover um ou outro negócio, temos sim o foco na criação de valor e o crescimento é consequência dessa estratégia. Avaliamos todas as oportunidades com base no risco e retorno de um projeto”, indicou Dorf
Ferreira Jr reforça essa posição da empresa ao lembrar que a companhia busca a disciplina na estratégia de crescimento para a criação do valor. E que a avaliação de negócios tem a direção de criação de valor. “Hoje somos uma empresa capitalizada e devemos avaliar as oportunidades do mercado. Sempre digo que a escala é relevante para o setor elétrico”, reafirmou.
Essa sucessão começou a ser delineada ao final do ano passado quando começou a ver a viabilidade da saída da empresa. Em sua avaliação o momento foi o mais adequado, por se tratar de um período emblemático, principalmente por duas questões: o avanço regulatório com a conclusão de temas como o 4º ciclo de revisão tarifária, o GSF e a renovação das concessões de distribuição, assuntos nos quais esteve diretamente envolvido. Até mesmo o assunto da sobrecontratação nas distribuidoras do grupo está equacionada para 2016.
“Tivemos uma melhora expressiva nas questões de caixa e reversão da conta negativa de CVA e que até a metade do ano estará resolvida, então esse é o momento certo para passar o bastão”, afirmou o executivo em entrevista à Agência CanalEnergia. “Entrei há 18 anos como o gestor mais novo da CPFL e hoje sou o mais velho. Nossa equipe é jovem com 80% de renovação, em algum momento deveria ocorrer a sucessão do presidente também”, acrescentou.
Ao final de 2015, a empresa registrou um caixa de R$ 5,454 bilhões. A receita operacional bruta apresentou aumento de mais de 50% em comparação com 2014, mesmo diante da queda do nível de vendas de energia de 4% em sua área de concessão. A alavancagem do grupo fechou o ano passado com uma relação entre a dívida líquida sobre o resultado Ebitda (antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 3,41 vezes.
O descanso não significa aposentadoria. O executivo quer aplicar a experiência operacional que teve nesses anos todos à frente do grupo CPFL para atuar em áreas mais estratégicas. E isso já ocorre com as participações no Conselho de Administração da Weg e da própria CPFL Renováveis. Além disso, lembrou ele, continuará à frente da Abdib, associação das empresas de infraestrutura e manter a consultoria à holding.
O processo de sucessão até 1º de julho será marcado pela integração de André Dorf junto aos demais negócios da companhia e visitas a instalações de distribuidoras do grupo bem como ter contato com gestores dessas unidades.