Tendo investido R$ 250 milhões nos últimos cinco anos na cidade do Rio de Janeiro, Furnas teve como foco o aumento da confiabilidade e a garantia do suprimento de energia para os Jogos Olímpicos deste ano. Outros R$ 80 milhões ainda estão previstos, o que leva a um total de investimentos de R$ 330 milhões. As zonas Norte, Sul e Oeste da cidade, que receberão a maior parte dos eventos dos jogos, foram as regiões contempladas. Com a adoção do critério N-2 – que permite até duas falhas e não interrompe o fornecimento, houve a troca de transformadores e compra de equipamentos de manobra para as subestações Grajaú, São José, e Jacarepaguá, além da construção da SE Olímpica, em parceria com a Light (RJ). O sistema tornou-se mais resistente, ficando mais seguro. "Esse é o legado da parte elétrica. A qualidade da alimentação no Rio melhorou muito", explica Ronaldo Neder, superintendente de Estudos e Projetos de Furnas.
Ele conta que a Subestação Grajaú, que recebeu 14 novos transformadores monofásicos e uma unidade reserva, tem um papel muito estratégico na cidade. Ela é quem distribui energia para várias subestações da Light, a distribuidora local. O término das obras de reforços está previsto para abril. "Depois do evento, a SE Grajaú vai continuar desempenhando o seu papel, mas com menos possibilidades de falhas", avisa. Na SE Jacarepaguá, sete novos transformadores já estão em operação e a segunda unidade reserva deve ser energizada também em abril. Já na SE São José, o novo transformador já está em operação e outros dois tem previsão para abril e maio.
A execução desses reforços no sistema de Furnas também teve aspectos de alta complexidade. O transporte das peças até as subestações envolveu uma grande operação. Cada transformador pesava cerca de 80 toneladas e necessitava de uma logística especial. A troca do equipamento também exigiu condições diferenciadas, tendo que ser feita em dias de carga leve, sendo necessária a autorização do Operador Nacional do Sistema Elétrico. "A logística de troca é complicada, esse foi um dos desafios que a gente teve e trocamos todos os 14", frisa Neder.
Segundo o executivo, na Subestação Olímpica, que fica localizada próxima ao parque olímpico, na Barra da Tijuca, o desafio também foi grande. Com um prazo curto para construção, ela tem isolamento a gás, o que a deixa menor, mas exige um local extremamente limpo, livre de impurezas. "Não havia muito tempo para fazer a obra e depois o manuseio da instalação a gás, foi feito junto. Manter o ambiente limpo quando está fazendo obra em volta é um desafio grande", ressalta. A subestação, que foi finalizada em maio de 2015, vai garantir o abastecimento do parque.
A adoção do critério N-2 também é um legado que vai ficar mesmo após os Jogos Olímpicos. Há um movimento para que ele seja adotado em todas as capitais do país, diminuindo as chances de fortes interrupções de energia. Para Neder, a precaução usada por Furnas ao adotar esse critério no Rio fez com que fosse possível se atingir um nível ótimo de confiabilidade no sistema durante os jogos.
Com quase R$ 2 bilhões de investimentos em reforços no sistema nos últimos cinco anos, a preocupação da empresa para a Olimpíada não fica apenas no Rio de Janeiro, mas sim em toda a sua malha de transmissão, uma vez que a energia pode vir de usinas distantes, como Itaipu e Rio Grande. "O foco da Olimpíada é o Rio, mas o sistema por trás da alimentação é tão importante quanto, porque essa energia não está perto", aponta o superintendente.