Um retrofit de todo o sistema de iluminação pública brasileiro proporcionaria uma economia de cerca de 10 mil GWh por ano – energia equivale ao consumo anual dos estados do Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima e Amapá, segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco). De acordo com a entidade, 4% de toda a energia elétrica consumida no Brasil (20 mil GWh/ano) é destinada ao abastecimento da iluminação pública que, em geral, ainda utiliza lâmpadas ineficientes de sódio e mercúrio.
Os benefícios da introdução do LED, contintua a Abesco, vão muito além da economia de energia, uma vez que abre caminho para a introdução de sistemas inteligentes, onde semáforos, comunicação, segurança e orientação visual conversem entre si e são telecomandados, conceito conhecido mundialmente como Smart City. Além de deixar as cidades mais bonitas, com o tempo a taxa de iluminação pública poderá diminuir, pois haverá menor consumo de energia e menor manutenção da rede.
“Vários municípios no país têm tomado iniciativas de conversão de algumas ruas e avenidas por novos sistemas de iluminação LED, no entanto ainda falta uma política nacional dedicada a inibir instalações novas com luz antiga, e incentivos, como financiamentos, que motivem a modernização”, diz o especialista em iluminação e membro da Abesco, Isac Roizenblatt.
O especialista explica que as atuais lâmpadas de sódio e mercúrio têm menor eficiência, vida útil mais curta, tem menor índice de reprodução de cor, depreciação mais rápida do fluxo luminoso e limitada condição de regulagem da luz. "Estas fontes de luz só têm desvantagens em relação aos LEDs e é por esse motivo que uma das áreas onde há maiores mudanças no mundo para LEDs é a iluminação pública."
Roizenblatt entende que incentivos econômicos são importantes, mas destaca que as municipalidades que fizerem as contas por iniciativa própria vão identificar que os benefícios são maiores quando comparados ao investimento. Ele garante que a indústria brasileira tem capacidade de atender a toda essa demanda. Roizenblatt defende que deveria ter iniciativa política e regulatória no sentido de elevar a eficiência mínima nas novas instalações na iluminação pública, bem como nas substituições. "Assim caminhariam diretamente para as fontes de luz LED”, diz.
Roizenblatt não pôde precisar o investimento necessário para realizar um retrofit nacional do tamanho do Brasil, justificando que cada instalação tem suas particularidades e os investimentos devem ser calculados de forma especifica. “Nacionalmente os ganhos são enormes sob o ponto de vista da energia e investimentos economizados, além da redução de emissão de CO2.” Ele estima que 5 anos são suficientes para fazer toda a modernização da iluminação pública do país sem grandes complicações.