Em busca de um diagnóstico sobre as necessidades e as potencialidades do mercado brasileiro, a Agência Nacional de Energia Elétrica vai abrir chamada estratégica de pesquisa e desenvolvimento voltada para a questão do armazenamento de energia. As motivações do projeto são várias: desde o aumento da demanda de eletricidade a questões de meio ambiente, custos, segurança e confiabilidade do sistema até o aproveitamento das vantagens competitivas de fontes renováveis como solar e eólica, para torná-las mais confiáveis do ponto de vista do abastecimento.
 
O tema é novo no Brasil, mas existem, segundo a Aneel, quase 2 mil projetos para o desenvolvimento de tecnologias e sistemas de armazenamento no campo da energia elétrica em vários países. A agência reguladora apresentou na última quinta-feira, 31 de março, as linhas básicas da chamada de P&D, em uma pré-consulta a dezenas de especialistas do setor que lotaram o auditório da autarquia para participar de um wokshop promovido em parceria com a embaixada britânica.  O prazo estipulado pelo superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética, Máximo Pompermayer,  para a apresentação da proposta preliminar é o dia 30 de abril.
 
Algumas premissas já foram definidas pela Aneel para o projeto estratégico. Uma delas é de que a proposta estará totalmente aberta a contribuições. É preciso também atrair empresas, universidades e centros de pesquisa para discutir o tema. A Aneel admite que tem atualmente mais perguntas que respostas para todos os desafios envolvidos. A ideia é não dispensar experiências de base tecnológica já desenvolvidas por outros países, mas garantir o desenvolvimentos de soluções nacionais que permitam a formação de uma cadeia produtiva de componentes e tecnologias de armazenamento.
 
“Armazenamento é um conceito muito amplo. Você pode fazer de diversas formas, dependendo da característica de cada país, da matriz energética”, explica o diretor da Aneel Reive Barros. Além do estoque de eletricidade, existem pesquisas para armazenagem de energia em áreas como a de petróleo e gás e a de mobilidade. “Esse trabalho da Aneel é importante porque ele proporciona criar um ambiente de discussão, pesquisa com as indústrias e a academia, de modo que a gente possa verificar, primeiro, quais são as necessidades e quais são as soluções que a gente daria para essas necessidades”, afirma.
 
Um dos moderadores do debate na Aneel, o diretor Tiago Correia destacou que a quantidade de aplicações  na área de armazenamento é interessante, e “talvez o principal foco da chamada publica seja identificar que tipo de negócio vai estar associado”. É possível, por exemplo, ter um sistema de armazenamento concentrado na transmissão, para atender as eólicas no nordeste. Correia acredita também que as pesquisas e o desenvolvimento de projetos nessa área possam ser encaixados no ProGD, o programa do governo de incentivo à geração distribuída.
 
A Aneel vai considerar como critérios de avaliação do projeto estratégico o caráter inovador ou avanço da proposta em relação ao que produz de mais avançado; a finalidade, abrangência e funcionalidade do produto; impactos econômicos, científicos, tecnológicos, sociais e ambientais, entre outros; custo e expectativa de retorno do investimento.