A sobrecontratação de energia pelas distribuidoras pode levar a um custo entre R$ 5,5 bilhões e R$ 14,5 bilhões. Segundo análise da Thymos Energia, há 2,8 GW médios de excedente contratado neste ano pelas concessionárias, um patamar 6% acima do limite de 105% da demanda que pode ser repassado para a tarifa. A avaliação da consultoria é de que o atual comportamento do consumo de energia indica que a situação poderá ser sanada somente em 2020, segundo as suas projeções. O pico do problema ocorrerá em 2018.

Segundo o estudo da Thymos, em 2016 e 2017, a perspectiva é de que as distribuidoras apresentem um nível de contratação de 110,9%. Somente este ano, com a projeção de redução da demanda em 0,3% sobram 2.832,1 MW médios acima dos 105%. Daí para frente a perspectiva é de aumento das sobras até o pico de 3.958,3 MW médios em 2018, quando as concessionárias de distribuição deverão estar com nível de contratos de 113%. Isso considerando que em 2017 seja registrado um crescimento de demanda de 1,55% e em 2018 de 1,93%. Em 2020, a estimativa é de que o nivel de contratação fique em 106% com 550,8 MW médios acima do limite que pode ser repassado à tarifa dos consumidores.
Essa situação, comentou o presidente da consultoria, João Carlos Mello, deve-se, principalmente à redução da atividade econômica, que reflete diretamente da demanda por energia. Na avaliação da consultoria, a solução passa pela flexibilização dos contratos de energia. Segundo a empresa, no limite, se todos os contratos de energia nova com entrada após 2016 fossem renegociados, o problema poderia ser reduzido. “A questão que fica é quais geradores aceitarão tais renegociações?”, questionou Mello.
Em outro cenário, a Thymos avaliou os dados estimados pela Empresa de Pesquisa Energética e Operador Nacional do Sistema Elétrico no Plano de Operação Energética 2016-2020. Com esses dados o impacto financeiro é de R$ 5,5 bilhões e a perspectiva de solução do problema chega um ano antes, em 2019.
O nível de contratação das distribuidoras para esse ano segundo o PEN é o mesmo, de 110,9%, mas é considerado um crescimento de carga de 0,82%. Para 2017, a demanda projetada é de alta de 3,59%, o que elevaria a sobrecontratação a 107,4% e um excedente de 1.211,7 MW médios. No ano seguinte, com avanço de 4,21% da demanda haveria um nível de contratação de 107,1% e sobras de pouco mais de 1.000 MW médio. E em 2019 a contratação estaria em 104,8%. O valor associado à sobrecontratação considera os preços corrigidos dos CCEARs, energia estruturante, cotas de garantia física, de usinas nucleares e Itaipu, além dos contratos bilaterais.