A americana Nextsteppe aposta no cultivo do sorgo como uma alternativa para ampliar a produção de biocombustíveis e energia elétrica no Brasil. Com cinco anos de existência e há quatro no país, a empresa vendeu 10 mil hectares em 2015, desempenho dez vezes maior que o registrado no ano anterior. Originário do Norte da África, o sorgo é um cereal com diversas aplicações na indústria e está em diversas partes do mundo. A Nexsteppe trabalha com quatro linhas de sorgo com características distintas, para aplicações na produção de energia elétrica, etanol, álcool de segunda geração e biogás.
 
Segundo Ricardo Blandy, vice-presidente de Desenvolvimento de Mercado da Nexsteppe na América do Sul, um dos motivos que a empresa escolheu o sorgo como matéria prima é que ele tem uma variabilidade genética muito grande, de fácil adaptação aos mais diversos climas, requer metade da água utilizada no cultivo de milho, é mais simples que outras culturas como o algodão e tem um ciclo de produção de duas a três safras por ano. Duas toneladas e meia de sorgo são capazes de produzir 1 MWh, garantiu o executivo.
 
Assim como o capim elefante, a casca de arroz e o cavaco de madeira, o sorgo está iniciando seu desenvolvimento no Brasil como mais uma fonte renovável de geração de energia. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica mostram que as termelétricas a biomassa representam 8,9% (11 GW) da matriz elétrica brasileira, sendo a cana de açúcar o principal insumo utilizado. O Plano Decenal de Energia (PDE) estima que as térmicas a biomassa chegarão a 19 GW em 2024.
 
"Não almejamos competir com a cana de açúcar. Nosso foco é complementar as culturas energéticas, ser mais uma alternativa para os produtores de álcool, energia e biogás", disse Blandy em entrevista exclusiva para a Agência CanalEnergia. Blandy acredita que os projetos a biomassa estão mais competitivos com os incentivos implementados pela MP 688, que ampliou para 300 MW o limite para que essas usinas tenham o desconto de 50% nas tarifas de transmissão e distribuição.
 
Otimista, mas com os pés no chão, neste ano as incertezas na economia e na política brasileira fizeram com que a Nextsteppe ajustasse seu plano de negócios para apenas manter o atual volume de vendas conquistado em 2015. A Nexsteppe tem como investidores as empresas Du Pont, Total Energy, Braemar Energy Ventures. Entre os clientes estão a Odebrecht Agroindustrial, CMAA, Granol, Raízen, Bunge, UMOE Bioenergy, Rhodia e Nogle Agri.