Os empreendimentos que estão com o cronograma atrasado somam 1.900 MW médios, segundo o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica, Tiago de Barros. De acordo com ele, se calculadas as perdas do sistema, esse número pode chegar a 2.350 MW médios.
Apesar do montante ser grande, o diretor não vê com preocupação os atrasos nesse momento. "Esse problema do atraso hoje, ele se apresenta muito mais como uma solução do que como um problema de fato, porque nem a distribuidora precisa dessa energia e nem o gerador está pronto para entregar", comentou o executivo durante o evento Agenda Setorial 2016, que acontece nesta quarta-feira, 30 de março, no Rio de Janeiro, promovido pelo Grupo CanalEnergia.
Segundo Barros, a distribuidora tem hoje a possibilidade de negociar esse contrato com gerador e vice-versa. Para essas negociações, a Aneel criou uma regra de repasse tarifário. "Se ela vendeu energia abaixo do mix, ela não fica com ganho nenhum, ela arca com o prejuízo. Se ela vender um contrato caro, ela reparte o lucro com o consumidor. Então a gente vai fiscalizar isso via reajuste tarifário", explicou o diretor. A negociação só precisará de anuência prévia da Aneel se o contrato for com partes relacionadas.
Térmicas – Barros afirmou que a Aneel se manifestou no Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico favorável ao retorno do despacho por ordem de mérito. "A gente vai conhecer os estudos, mas com as informações que a Aneel já dispõe já era possível entrar na ordem de mérito", comentou Barros.
De acordo com ele, como as decisões no comitê são por consenso, é possível que se decida por um meio termo. A Empresa de Pesquisa Energética, assim como a Aneel, também já vê condições favoráveis para a operação por ordem de mérito. Já o Operador Nacional do Sistema Elétrico acredita que as térmicas devem ficar despachadas até o limite de CVU de R$ 211/MWh.
"Talvez saia um meio termo, nem todas até R$ 211/MWh, nem zero", afirmou. Barros explicou que algumas termelétricas geram um benefício maior para o sistema e talvez essas possam permanecer ligadas. "No Nordeste acredito que vai ser difícil desligar. Lá talvez seja importante algumas com mais de R$ 211/MWh e com a decisão de ontem da Aneel, de que isso não interfere na bandeira, porque é uma ou outra com custo baixo, então acho que tranquiliza também", apontou. A próxima reunião do CMSE está marcada para o dia 6 de abril.