A Cemig planeja vender os ativos que estejam fora de seu core business para focar nos negócios de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, disse o diretor de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Fabiano Maia Pereira, durante conversa com analistas de mercado nesta quarta-feira, 30 de março.
 
"Nós estamos finalizando o planejamento estratégico da companhia. Uma das grandes diretrizes é focar no core business da Cemig. Focaremos nesse core, buscaremos estar em ativos e em empresas que nós temos capacidade de gestão. Essa é a principal diretriz que estamos levando para o CA (Conselho de Administração) como proposta, e a partir disso os ativos que não têm essas características vamos trabalhar para fazer os desinvestimentos necessários", afirmou o executivo.
 
Embora seu negócio principal consista em investir em GTD, a Cemig também atua no setor elétrico em comercialização de energia por meio das subsidiárias Cemig Trading e Empresa de Serviços de Comercialização de Energia Elétrica; em consultoria por intermédio da Efficientia; e em gestão de sistemas para companhias do setor por meio da subsidiária Axxiom Soluções Tecnológicas. Fora do setor elétrico, a empresa ainda atua em negócios de distribuição de gás natural em Minas Gerais por meio da Gasmig; em telecomunicações por meio Cemig Telecomunicações; e em exploração de gás natural através de seis consórcios.
 
Disputa Judicial – Sobre as negociações envolvendo a disputa judicial para a permanência das concessões das hidrelétricas Jaguara, São Simão e Miranda, o diretor-presidente da Cemig, Mauro Borges Lemos, disse que houve um acordo entre a companhia e a União para solicitar ao Supremo Tribunal Federal o adiamento do prazo da segunda reunião de conciliação, explicando que o motivo foi para que esse segundo encontro seja "mais definitivo para um acordo entre ambas as partes". Essa disputa se arrasta desde 2013.
 
O executivo explicou que, embora a agenda política esteja bastante tumultuada neste momento, o processo de negociação sobre o destino das três usinas continua em andamento. Borges não quis adiantar quais propostas estão na mesa, porém sinalizou que os parâmetros da negociação “estão baseados no novo marco legal (do setor elétrico) permitido pela Medida Provisória 688/2015".
 
A MP estabeleceu novas regras para a renovação das concessões cujos os contratos expiraram em 2015, ao permitir que os empreendedores comercializem livremente parte da garantia dessas usinas. Esse novo modelo foi aplicado no leilão nº 12, realizado em novembro 2015. A Cemig participou do certame conquistando o direito de permanecer por mais 30 anos com 18 hidrelétricas, que somam 699,6 MW. sendo que 14 já pertenciam ao portfólio da empresa.
 
Borges deu a entender que as UHEs Jaguara, São Simão e Miranda podem vir a ter os contratos renovados nas mesmas condições da MP 688 caso a União aceite o acordo. "É a partir desse novo marco legal que estamos costurando um acordo de conciliação com a União", disse o executivo evitando dar muitos detalhes da negociação . Como o leilão nº 12/2015 previa um pagamento de prêmio para a continuidade da concessão (o que resultou em uma arreação de R$ 17 bilhões para o governo), a Cemig terá que desembolsar um total de R$ 2,2 bilhões para o pagamento das outorgas, sendo que R$ 1,4 bilhão já foi pago ao final do ano passado.