Em sua primeira conversa com investidores e analistas de mercado nesta terça-feira, 29 de março, a nova presidente da Light, Ana Marta Veloso, foi contundente ao falar das metas da distribuidora carioca para reduzir os prejuízos causados pelas fraudes de energia. A executiva prometeu intensificar as ações de combate as perdas, não só nas áreas consideradas críticas, mas também em regiões nobres do Rio de Janeiro, como a zonas Sul e Oeste. A empresa pretende reforçar ações tradicionais de combate e atacar os processos que possibilitam a entrada de novos fraudadores, realizando uma atuação integrada com o poder público e a sociedade.
 
Para tanto, disse a executiva, a Light está revisando todo seu programa de perdas. Uma das medidas já tomadas foi redesenhar a diretoria de Distribuição, dividida em diretoria de Engenharia e Comercial. Na diretoria Comercial foi contratado o executivo Wilson Couto, ex-presidente da Cemat, com experiência em atuar em áreas de concessão complexas. “O Wilson está chegando para que a gente consiga dar uma revisitada no nosso plano de perdas. Temos gasto muito dinheiro ao longo dos anos e a perda total da Light não tem demonstrado uma inflexão, tem ficado entorno de 23%”, disse Ana Marta.
 
“O que gente vai fazer ao longo de 2016 em termos de medidas práticas e operacionais, não é só atuar firmemente nas áreas que a gente já instalou os medidores eletrônicos, mas também vamos enfatizar medidas tradicionais de combate à fraude na área da Light que a gente consegue entrar, na área que eu chamo da Light boa. A light ‘boa’ é uma empresa que tem que ser ‘excelente’ para compensar as dificuldades que a gente enfrenta na área de concessão que é um pouco mais complicada”, declarou.
 
Em uma blitz recente em Copacabana, na Zona Sul do Rio, a empresa constatou 130 fraudes grandes. “Vamos entrar pesado na área de concessão da Light boa… Copacabana, centro do Rio de Janeiro, Zona Oeste, Barra da Tijuca… esse pessoal não vai ter sossego”, garantiu. Segundo Ana Marta, essas regiões não têm perdas altas, entretanto há consumidores com capacidade de pagamento das faturas. O combate aos “gatos gordos”, como ela chama, é muito importante para a empresa, pois gera uma recuperação de receita passada e uma perspectiva de receita futura, explicou.
 
A empresa continuará sua atuação em áreas críticas, por meio da instalação de medidores eletrônicos. Este ano está previsto a instalação de 60 mil novos medidores telecomandados e ao menos quatro novas APVs. Também haverá uma maior articulação da área de comunicação, já que o furto de energia, segundo ela, é algo cultural no Rio de Janeiro.
 
Segundo balanço divulgado na última segunda-feira, 28 de março, o índice de perdas totais da Light alcançou 23,2% em dezembro, alta de 0,3 ponto percentual em relação ao resultado do terceiro trimestre de 2015 e redução de 0,5 ponto percentual na comparação com o mesmo período em 2014. Só na baixa tensão, o índice de perdas não-técnicas (furto e fraude de energia) alcançou 40,65%, contra 42,18% em dezembro de 2014, e 39,81%, em setembro de 2015.
 
De acordo com Ana Marta, o reajuste tarifário elevado na área de concessão da Light, de cerca de 86% em 2015, combinado com a deterioração econômica do país, favorecem o aumento do furto de energia. Em 2015, o programa de perdas combateu 726,5 GWh, aumento de 27,3% em relação ao ano passado. Porém, as novas fraudes totalizaram perda de energia de quase 700 GWh, fazendo com que o resultado líquido do programa em 2015 fosse de 28,5 GWh. “Novos entrantes da ordem de 700 GWh ano é algo que a gente não tem como conviver”, disse Ana Marta. “Essa questão dos novos entrantes é seríssima na Light.”