A PSR calcula que a sobra efetiva do sistema é de 4,2 GW médios, bem menor que os 12 GW médios calculados pelo governo. Isso porque a PSR, em seus cálculos, leva em conta os empreendimentos que não foram construídos e também uma garantia física dos projetos existentes "mais realista".
Segundo Bernardo Bezerra, diretor da PSR, retirando os contratos de papel, ou seja, contratos de usinas que estão atrasadas e não foram construídas, a sobra real é de 6,1 GW médios. Esses contratos são principalmente de usinas da Bertin.
A PSR aponta ainda que a garantia física das usinas para 2016 que aparece no sistema não reflete a realidade, está sobrestimada, o que faz com que a sobra verdadeira seja de 4,2GW médios. "Os dados que estão no modelo oficial não refletem a realidade operativa. Não levam em conta os fatores de fricção", comentou Bezerra durante o 6º Workshop PSR/CanalEnergia, que acontece nesta terça-feira, 29 de março, no Rio de Janeiro.
As distribuidoras, nos cálculos da consultoria, estão, em média com 9% de sobra de energia. Já para o ACL, existe uma sobra de energia disponível de 42% da carga, o que daria em torno de 6 GW médios.
A PSR afirma que os mecanismos existentes para solucionar essas sobras do ACR podem não ser eficientes nesse momento, como é o caso do Mecanismo de Realocação de Energia. "Não funciona quando a sobra é sistêmica, porque todas as distribuidoras estão praticamente com sobra", aponta Bezerra.
Está prevista ainda no modelo, a possibilidade de descontratação de energia existente até o limite de 4% ao ano e na saída de consumidores para o mercado livre. "Nesse caso, o efeito é marginal porque a maior parte da energia existente virou cota e foi distribuída entre todas as distribuidoras. Isso engessou o sistema", disse. "O nosso modelo, com as regras atuais, não está preparado para a queda da demanda", declarou.
Segundo Bezerra, o sistema está com sobras de energia porque em 2011, a projeção que se fazia era de um crescimento do PIB de 4,5% ao ano e as contratações das distribuidoras nos leilões foram realizadas pensando nessa expansão. Só que o crescimento médio do PIB, ainda segundo ele, foi de 0,9% ao ano no período. A redução da atividade econômica e a frustração da demanda foram fatores importantes para as sobras atingirem os níveis atuais.