O diretor presidente da Eneva (ex-MPX Energia), José Drummond Jr., demonstrou otimismo nesta segunda-feira, 28 de março, ao conversar com analistas de mercado durante a apresentação dos resultados operacionais e financeiros de 2015.
Segundo o executivo, a companhia concluiu com sucesso todas as etapas Plano de Estabilização aprovado em abril de 2015, garantindo a continuidade da empresa e a retomada do plano de crescimento da Eneva. Nesse período, a companhia reduziu em 60% o endividamento da holding, passando de aproximadamente R$ 2,4 bilhões para R$ 983 milhões, sendo que este saldo remanescente da dívida está alocado no longo prazo e com cronograma de amortização “compatível com a geração de caixa dos projetos" da Eneva.
Outros marcos importantes destacados por Drummond foram a venda da participação em Pecém I e a modificação da estrutura acionária da companhia para uma sociedade sem controlador definido. Atualmente, o banco BTG Pactual detém 49,9% de participação, a alemã E.ON possui 12,2%, o Itaú Unibanco 11,6%, ICE Canyon 6,8%, Bullsey 6,5% e outros acionistas menores somando 13%.
Do ponto de vista operacional, o executivo destacou a substituição com sucesso da geração da UTE Parnaíba I pela geração da UTE Parnaíba II; a revisão do contrato de manutenção de turbinas a gás natural, que resultou em uma economia de R$ 25 milhões ao longo dos PPAs; a normalização do sistema de descarregamento e transporte de carvão na UTE Itaqui, eliminando gargalos e custos que impactava o Ebitda do projeto, gerando ganhos e produtividade de geração. Além disso, as UTEs Pecém II e Itaqui firmaram contratos de venda das cinzas da queima do carvão com a indústria cimenteira, o que resultará na redução de custos de armazenamento.
Do ponto de vista regulatório, disse Drummond, a Eneva obteve em 2015 um importante reconhecimento por parte da Aneel em relação a uma demanda mantida pela companhia. A agência reguladora determinou que a CCEE realizasse o reembolso dos custos de indisponibilidade pago a mais pelas usinas. A Eneva questionou a metodologia aplicada para o pagamento das indisponibilidades. Esse reconhecimento resultou no ressarcimento de R$ 219 milhões em uma única parcela. "Somados todos esses elementos, que resultaram em uma companhia com uma estrutura de capital e um perfil de endividamento adequado a sua capacidade de geração de caixa, e uma vez concluídas essas etapas de estabilização financeira e operacional -, a Eneva estará preparada para voltar a pensar em crescimento", declarou o executivo.
Drummond também comemorou os acordos firmados com a Parnaíba Gás Natural. Em resumo, explicou, a transação constitui em um aumento de capital na Eneva. Os acordos preveem que a Cambuhy e a OGX contribuam com suas respectivas participações na PGN em favor da Eneva. Em contrapartida, tanto a uma como a outra se tornarão sócias da Eneva. O executivo explicou que a entrada das empresas no bloco de acionistas reduzirá o endividamento da companhia de 7x para 5,5x em relação ao Ebitda. Ele disse que essa será a melhor posição da companhia na relação endividamento/Ebitida, com perspectiva positiva de melhorar ainda mais essa posição.
"Quanto todas as condições estiverem cumpridas e a operação vier a ser realizada, a transação permitirá a Eneva dar passos importantes em direção a um novo posicionamento. Afinal, a PGN, que é a maior empresa privada de exploração e produção de gás natural do Brasil, se tornará uma subsidiária integral da Eneva. Com isso, a Eneva vai se posicionar como a única empresa independente de gás e óleo do Brasil, com duas atividades distintas e complementares, geração de energia e óleo e gás", disse Drummond.
Ele adiantou que, caso nenhum outro acionista faça um novo aumento de capital, e uma vez concretizado a operação com a PGN, a participação dos atuais e futuros acionistas na Eneva pode ser estimada assim: BTG (33,78%), Cambuhy (25,84%), E.ON (8,32%), Itaú (7,91%) e OGX (6,23%) e o restante com os demais acionistas menores. A Eneva é operadora das térmicas Itaqui (360 MW), Pecém II (365 MW) e do Complexo Parnaíba, composto por quatro usinas somando 1.428 MW, além de atuar na atividade de exploração de gás. A empresa entrou em processo de recuperação judicial em dezembro de 2014 e tinha o empresário Eike Batista como o principal acionista.
Matéria atualizada às 10h do dia 29/03/2016 para correção dos percentuais de participação após o aumento de capital da Eneva.