O ano de 2016 é encarado pelo setor eólico como o ápice de restrição na transmissão de energia. O segmento está preocupado e desde o início do ano vem procurando por alternativas para não impedir a continuidade de sua expansão no país. Dois pontos mais se destacam no momento, a questão da Abengoa e a falta de interessados nos leilões regulados da Agência Nacional de Energia Elétrica.

Do sistema de transmissão chamado de pré- Belo Monte que a concessionária espanhola Abengoa deveria entregar, as linhas 16, 17 e 19 são as mais críticas para o setor eólico. Segundo a presidente executiva da ABEEólica, Élbia Gannoum, nessa região há seis empreendedores diretamente afetados. Diante disso, comentou, que o setor estuda até mesmo como viabilizar esses projetos tendo as geradoras como investidores de menor porte.
A ideia, acrescentou, seria a de formar consórcios com instituições e empresas credoras da empresa espanhola e tocar as obras. “Há instituições e empresas credoras como fornecedores de cabos, equipamentos e até bancos. Reuniríamos todos os envolvidos que sofrem com a dificuldade da Abengoa”, relatou Élbia. “Estamos trabalhando em conjunto para obtermos uma solução de mercado para essas linhas e de maneira pulverizada até porque também precisamos investir na geração, mas estamos trabalhando em uma proposta nesse sentido”, acrescentou.
No arranjo que está sendo visualizado não haveria a participação de transmissoras de energia, apenas as geradoras e os credores nesses projetos. A perspectiva é de que os estudos sejam concluídos em cerca de duas semanas e que ainda em abril seja entregue ao governo. A executiva disse ainda que ao mesmo tempo o setor está de olho no próximo leilão de transmissão da Aneel e que por isso não estipulou um prazo para entregar o estudo ao MME.
A outra discussão na qual a entidade está envolvida é a possibilidade de um leilão de geração e transmissão, conforme o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, revelou na semana passada. A executiva da ABEEólica adiantou que a entidade está elaborando um estudo mais amplo com a PSR para avaliar, entre outros pontos, a margem de escoamento, soluções de curto prazo, de médio prazo (nesse caso entra o leilão de geração associado à transmissão) e de longo prazo. “Estamos revisitando o modelo de transmissão no estudo e vamos entregar ao governo para contribuir nesse ponto”, justificou.
Élbia lembrou que ao mesmo tempo que a EPE desenvolve seu modelo para um leilão de G+T, a associação também está com essa atribuição. Segundo a executiva, essa iniciativa é conduzida em paralelo até porque em uma reunião com o ministro de Minas e Energia no início de 2016, Eduardo Braga pediu que a entidade sugerisse uma solução. Esse documento também será apresentado ao governo e poderá ser utilizado em uma consulta pública que a Aneel deverá colocar em discussão em breve.