As interrupções no fornecimento de energia elétrica causam prejuízos a 67% das empresas que a utilizam como insumo em seu processo produtivo. A conclusão é de pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria na ultima quarta-feira, 23 de março. O levantamento aponta a eletricidade como a principal fonte de energia para 79% das companhias consultadas. A segunda fonte mais usada é o óleo diesel, com apenas 4%. 

Para 93% das empresas, houve elevação no custo com energia elétrica, mas o impacto do aumento da tarifa no custo total de produção é considerado alto por 35% delas. Mais da metade (52%) informou ter adotado algum tipo de medida para lidar com o aumento do custo, como, por exemplo, programas de eficiência energética. 
 
A despeito da percepção de que as falhas no fornecimento prejudicam a atividade industrial, o número de empresas que afirmaram ter perdas elevadas corresponde a 32%, pouco menos de um terço do total, segundo a pesquisa. Outros 35% disseram que os prejuízos são baixos, enquanto 24% não se consideram afetadas. 
 
As interrupções são mais frequentes na região Norte, com 31% dos casos. Entre as indústrias que têm a energia elétrica como fonte principal, apenas 16% relataram ocorrências frequentes no fornecimento, como interrupções ou oscilações de tensão. Outros 34% apontaram falhas eventuais e 44% disseram que raramente ocorrem problemas no suprimento. 
 
A CNI avalia que o aumento significativo no preço da energia elétrica em 2015 “impôs um fardo adicional sobre as empresas, em um cenário que já apresentava grandes dificuldades”, e “afetou nove em cada dez empresas industriais.” Entre os segmentos industriais que mais consomem energia elétrica em seus processos produtivos está a indústria de transformação. A sondagem da CNI mostra que 83% das empresas consultadas têm a eletricidade como principal fonte. Na indústria extrativa, o índice chega a 77%, enquanto na construção o percentual é de 63%. Apenas o setor de biocombustíveis usa majoritariamente outra fonte energia – o bagaço de cana – com 76% das empresas.
 
Para a CNI, a adoção de práticas de uso racional da água e da energia elétrica “mitigaria riscos de o sistema elétrico voltar a operar no limite.” A confederação defendeu o fortalecimento e a diversificação da geração de base; o fim dos atrasos em obras de geração e transmissão; o aperfeiçoamento da metodologia de contratação de energia no mercado regulado; o estímulo a pesquisa e exploração de gás em terra, com leilões regulares de gás para novos projetos de termelétricas.