O último mês do período úmido deverá apresentar vazões semelhantes ao que se verificou em março. A expectativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico é de que os submercados Sudeste/Centro-Oeste e Sul registrem ao final de abril níveis de energia natural afluente em 92% e 144% da média de longo termo, respectivamente. A situação no Nordeste e no Norte continuará pressionada com ENAs de 42% e 50% da média histórica. Os dados foram apresentados no primeiro dia da reunião do Programa Mensal de Operação para o mês de abril, na sede do órgão, no Rio de Janeiro.
Outro destaque dado pelo ONS é o nível de demanda na maior região consumidora do país. O operador estima que a carga em abril no SE/CO deverá continuar em elevação ante o mesmo período de 2015. A expectativa é de aumentos de 4,2% e de 6,3% para os dois próximos meses. Já em março avançou 3,5%. Ao se confirmar as projeções a demanda de janeiro a maio deverá ser maior 1,7% ante 2015 somente nessa região do país. Já no sul o movimento é o oposto. Em março foi registrada queda de 3% na demanda. A previsão para abril é de expansão de 0,4% e em maio de 2,6%. No acumulado dos cinco meses o indicador deverá ficar no negativo, em 0,8%.
Por sua vez, no NE o consumo no mês de março avançou 3,5%. Essa performance deverá desacelerar em abril para um crescimento de 1,6% e em maio para 0,3% levando a demanda no acumulado de janeiro a maio a uma queda de 0,4% ante o mesmo período do ano passado. No norte continuam os fortes indicadores de expansão da carga. Em março ficou em 4,6% e a previsão para abril é de 5,1% de aumento, em maio o aumento esperado é de 3,8%. No SIN, o acumulado de janeiro a maio apresenta uma perspectiva de crescimento de 1,2% na carga. Uma das explicações para esse fato é que nesse mesmo mês houve a parcela de aumento da tarifa mais elevada com o RTE e além disso, já se sentia uma queda no consumo de energia.
Em termos operacionais, no Nordeste houve um aumento da defluência do São Francisco em Sobradinho de 800 metros cúbicos para 900 m³ por 11 dias. E ainda, houve dias em que se despachou térmicas de CVU acima de R$ 450/MWh. A eólica apresenta tendência de queda na geração em abril por causa da chuva que tende a acontecer e se intensificar a partir de maio. Em Três Marias a vazão foi reduzida de 150 para 100 m³ por segundo e deverá ser mantida nesse volume até o término do mês de abril, pelo menos.
No Norte o destaque dado foi à expectativa de aumento de afluência em Tucuruí já para o mês de abril a ponto de que o reservatório possa alcançar sua capacidade máxima. A ação do ONS no Sudeste ainda tem sido no sentido de preservar as cabeceiras das bacias na região e tem operado Furnas, Emborcação, Serra da Mesa e Itumbiara de forma a economizar água visando o replecionamento desse submercado. A expectativa é de que o nível deverá chegar a algo próximo a 58%. A meta de armazenamento de 30% para o final de novembro no país parece factível, mas para isso precisa que a afluência fique em 71% da MLT até lá. Essa previsão considera uma geração de térmicas de CVU de até RR$ 211/MWh.
O operador manteve esse mês a mesma estratégia de reduzir o uso de usinas hidráulicas e manter as térmicas fechando o balanço do intercâmbio. Foi necessário despachar UTEs de CVU superior a R$ 255/MWh em março, mas em abril deverão ser acionadas apenas as usinas até R$ 211/MWh com a entrada da bandeira verde, conforme anunciado pelo ministro de Minas e Energia ao longo de março, decisão esta do CMSE. Questionados sobre o critério usado na definição do despacho fora da ordem de mérito, técnicos do ONS disseram que são feitos estudos de sensibilidade para que o CMSE tome a decisão.
Em transmissão houve atraso na modelagem do Madeira que estava previsto para ter a capacidade de escoamento de energia de 5.325 MW já em abril, mas permaneceu em 3.750 MW. O cronograma de limites de escoamento para os períodos subsequentes continua quase o mesmo, no segundo semestre deste ano está previsto um volume de 5,6 mil MW, no primeiro semestre de 2017 de 6.800 MW que persiste até novembro e chega em dezembro com 7 mil MW.
Quanto ao sistema de transmissão de Belo Monte a cargo da Abengoa o operador já registra um atraso de 24 meses na execução. Esses lotes estão relacionados ao reforço nos limites de escoamento de energia do N-NE, principalmente. Segundo o ONS, o atraso vai provocar alteração significativa dos limites de intercâmbio de energia, que só agora foram considerados oficialmente no modelo. São muitas linhas que vão impactar a capacidade de importação de energia oriunda da região Norte.
A previsão climática para o próximo trimestre aponta um enfraquecimento do El Niño. No mapa de profundidade apresentado é visível que a coluna de água quente, que caracteriza esse fenômeno climático, está cada vez mais rasa. Contudo, os modelos estão muito divergentes a partir de maio. Há uma dispersão muito grande dos modelos, então, ainda é arriscado afirmar que ocorrerá um La Niña.