A Casa Civil do Estado do Pará assumiu as negociações para liberar os funcionários sequestrados da Norte Energia. Uma reunião entre o órgão e a Fundação Nacional do Índio estava prevista para esta terça-feira, 15 de março. Desde a última quinta-feira, 10, três funcionários da Norte Energia e um piloto de embarcação de uma empresa prestadora de serviço estão impedidos de deixar a aldeia Curuatxé, na Terra Indígena Curuaia, no Pará, a cerca de 400 km das obras da hidrelétrica Belo Monte (11.233 MW).
 
A Norte Energia informou que hoje pela manhã fez contato com os seus funcionários. Segundo a empresa, eles estão bem de saúde e não sofreram maus-tratos. A empresa disse ainda que não sabe qual é a pauta de reinvindicação dos índios, e disse também que não está negociando, pois entende que este é um caso de polícia. “Além de informar as autoridades competentes, como a Funai, Ministério Público Federal e Polícia Federal, a Norte Energia está empenhada em reverter a situação por meio de diálogo aberto com a comunidade indígena”, disse em nota.
 
Os funcionários foram impedidos de sair quando estiveram na aldeia para monitorar ações do Projeto Básico Ambiental – Componente Indígena (PBA-CI) hidrelétrica Belo Monte. Segundo a Norte Energia, a aldeia Curuatxé, que possui cerca de 50 habitantes, é atendida pelos projetos da companhia voltados exclusivamente aos povos tradicionais do Médio Xingu, na região do empreendimento.
 
“Embora esteja a 360 km em linha reta das obras da Usina, no rio Curuá, a aldeia é atendida pelas ações da Norte Energia voltadas exclusivamente para os povos tradicionais do Médio Xingu.  No local, já foram construídas pista de pouso, casas de moradia e casa de farinha e um sistema de abastecimento de água, além da execução dos projetos de fomento da produção agrícola, fortalecimento institucional e preservação da cultura e modos de vida tradicional, dentre outros. Essas obras fazem parte do PBA-CI, e estão sendo executadas pela Norte Energia na Curuatxé”, escreveu a companhia. 
 
Devido ao difícil acesso à aldeia e à distância, explicou a empresa, as obras no local se tornam complexas e dependem também da vazão do rio, principalmente, para transporte de materiais e equipamentos. Nesta quarta-feira, 16 de março, está previsto o envio de maquinário para perfuração de um novo poço no local para atender a demanda de abastecimento de água na aldeia, conforme foi solicitado pelos indígenas.
 
“A empresa espera que este incidente se resolva o mais rápido possível e conta com o trabalho das autoridades para obter a liberação dos funcionários e demais providências perante a legislação brasileira”, disse a Norte Energia. Em nota, a Funai disse que "não apoia a retenção dos servidores da Norte Energia ou de qualquer pessoa". O órgão disse, ainda, que tem solicitado a liberação das pessoas retidas para que o diálogo seja restabelecido.