A Cargill espera aumentar suas vendas entre 40% e 50% ao ano, nos próximos cinco anos, do óleo vegetal utilizado em transformadores. Atualmente, grandes concessionárias já estão adotando o fluido vegetal, que além de ser um produto renovável, tem diversas vantagens quando comparado ao óleo mineral, que normalmente é utilizado nesses equipamentos.
Marcelo Neves Martins, gerente Comercial da Cargill, conta que o produto, chamado de FR3, tem três grandes vantagens em relação ao óleo mineral. A primeira, segundo ele, é que o fluido é resistente ao fogo, então, quando ocorre uma falha no transformador, o óleo vegetal não permite que o transformador se incendeie. "O outro óleo é um combustível e pega fogo. Então, por ser um produto resistente ao fogo, o Corpo de Bombeiro dá uma série de vantagens na instalação", comentou o executivo em entrevista à Agência CanalEnergia.
Ele diz ainda que quando o transformador utiliza óleo vegetal, não é preciso construir parede corta-fogo na instalação, não precisa de sistemas de extinção de incêndio e o seguro da instalação pode ficar mais baixo também. A segunda vantagem, continua Martins, é que o óleo vegetal é um produto renovável e não tóxico. Em um eventual vazamento, a água e o solo não são totalmente contaminados. Além disso, ele é certificado como não tóxico e facilmente biodegradável. "Na parte da construção civil, quando não é necessário fazer sistemas de contenção para fogo e acidentes ambientais, o custo pode ser reduzido em 5% no caso de uma grande subestação elétrica. Isso é muito dinheiro", aponta.
A terceira vantagem, continua o gerente, diz respeito a vida útil do transformador. Segundo ele, o FR3 pode fazer o equipamento durar oito vezes mais tempo do que o óleo mineral, que dá uma vida útil de dez anos. "Ele duraria 80 anos", comenta. Só que a indústria, ainda de acordo com Martins, prefere ter a mesma vida útil, mas aproveitar a eficiência do fluido para reduzir o tamanho do transformador e, assim, reduzir seu custo.
Uma distribuidora que utilizou esse mecanismo foi a Light. Martins conta que a empresa aumentou em 20 graus a temperatura do transformador e reduziu seu tamanho, diminuindo assim, seu custo. A Light já havia adquirido no ano passado 12 transformadores de potência com a nova tecnologia. Neste ano, investiu em mais três transformadores na Subestação Olímpica. "Esse projeto da Light é inovador porque comprou somente óleo vegetal, utilizando-se de todas as vantagens do fluido", explicou o executivo.
A CPFL, de acordo com ele, é outra grande concessionária que passou a adotar o óleo vegetal. "Há três anos a CPFL converteu toda a rede dela para óleo vegetal. Todas as novas compras são com esse óleo", disse. A Copel e a Eletronorte também são clientes da Cargill. "Na nossa lista de projetos tem três grandes concessionárias que estão em conclusão final para passar a adotar somente o óleo vegetal", comentou. Ele ressalta que o óleo mineral é importado, enquanto o óleo vegetal é um produto nacional. A fábrica da empresa em Mairinque, interior de São Paulo, além de fornecer o insumo nacionalmente, também exporta para a América Latina. E desde o ano passado, com a desvalorização do real frente ao dólar, Martins conta que a empresa tem exportado o produto para países da Ásia e da Europa.