Um relatório do banco Santander apontou que o setor eólico continua seu ciclo de amadurecimento no Brasil. Essa pesquisa foi realizada em 2015 com um conjunto de 65 projetos eólicos com pelo menos 12 meses de dados de geração em todo o país e a conclusão é a de que os empreendimentos apresentaram resultados operacionais consistentes em termos agregados e considerável evolução nos fatores de capacidade e eficiência dos parques mais novos.

Esse volume de usinas analisadas apresentou volume de produção 102% acima da energia contratada em termos agregados, sendo que 60% deles foram superavitários. Apesar desse resultado, o chefe de Research do Santander Brasil, Alex Sciacio, destacou que a base de dados ainda é baixa em comparação com o montante de capacidade contratada dessa fonte no país. O estudo seguiu a premissa de ter pelo menos 12 meses de dados acumulados, foram incluídos na pesquisa projetos que somaram 3,56 GW, o que equivale a 41% do parque instalado no país ao final do ano passado e em cinco estados, Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.
De acordo com dados da Associação Brasileira da Energia Eólica, o país conta atualmente com 360 usinas que acumulam 8,98 GW em potência instalada. Há mais 9,81 GW em construção.
O estudo do banco destacou que foi observada uma significativa evolução no desempenho dos projetos cujo início de operação se deu a partir de 2014. Nesse caso, a média de superávit ante a energia contratada foi de 4% em decorrência de elevados fatores de capacidade, com 43% em média ante 34% do verificado para parques com início de operação em 2013. Mesmo com essa diferença o Santander acredita que o limitado histórico de operação, já que 39% dos projetos têm mais de 24 meses de funcionamento, tenha influenciado para uma enorme dispersão de resultados já que o melhor empreendimento produziu 385% do volume contratado e o pior, 35%.
Essa evolução para os projetos de 2014, indicou o estudo, pode ser o reflexo direto da evolução da curva de aprendizado do setor com o melhor entendimento sobre a prospecção de projetos em novas regiões, aprimoramento das medições e certificações de vento, além do desenvolvimento de equipamentos adaptados às características de operação no Brasil. Normalmente, lembrou o Santander, as medições para estudos de certificações podem levar mais de 4 anos em alguns casos.
Sobre os parques que apresentaram déficit na geração, a instituição financeira demonstrou tranquilidade quando à deterioração na capacidade de serviço da dívida. Isso porque até 2013 a Aneel estipulava a garantia física com base no fator P50 enquanto o BNDES já naquela época, antes da mudança nas regras dos leilões, já se baseava no P90 atual. Além disso, antes de 2013 a contratação ocorreu em grande parte pelo Proinfa e Leilões de Energia de Reserva, que possuem modalidades mais flexíveis quanto a penalidades.
Com isso, o banco estimou que um déficit de geração de até 20% pode ser atribuído como diferença entre os fatores de capacidade, dependendo das incertezas estimadas pelos estudos desses projetos. Acima desse patamar de déficit foi reportado que apenas 16 parques – ou 24% da amostra analisada – ultrapassaram.