A divisão de Project Finance do Santander projeta um crescimento expressivo da participação da fonte eólica em sua carteira de projetos. Atualmente a parcela dos investimentos no segmento de energia está em um patamar de quase 30% dos negócios no Brasil. A ideia é ter esse volume elevado a 50% ao final de 2016, sendo que de 70% a 75% deverá ser o espaço ocupado por projetos eólicos. O banco não revelou os números relacionados a esses investimentos, mas afirma que a fonte está no ‘foco do foco’ de sua atuação.
Entre os motivos para esse posicionamento estratégico está o fato de que projetos eólicos possuem a característica de poder diversificar a carteira devido ao tíquete médio mais modesto quando comparado a uma usina de médio porte. Outro ponto destacado é que no Brasil, essa fonte está crescendo, é segura e vem apresentando melhor performance do que se encontra no exterior devido às características do vento brasileiro, principalmente no Nordeste. Além dessa, a solar poderá vir a ocupar um espaço importante nessa divisão do banco espanhol no Brasil, mas essa ainda mais no futuro.
“A solar também pode ser, no futuro, importante para a carteira do banco. Lá fora já trabalhamos há muitos anos com a fonte e nos sentimos confortáveis em trabalhar com esse tipo de projeto. No exterior, onde a solar já é mais forte, tanto essa quanto a eólica possuem pesos equivalentes”, afirmou o head de Project Finance do Santander no Brasil, Diogo Berger.
Contudo, o momento é mais favorável à geração por meio dos ventos em termos de atratividade de investidores. Tanto que o banco realizou na quarta-feira, 2 de março, a segunda edição do Encontro Santander de Energia Eólica. Essa perspectiva é dividida com executivos do setor. Entre os motivos está o fato de que acessar o nível mais elevado de participação do BNDES no financiamento de um projeto vem apresentando maiores dificuldades, até por conta do cenário macroeconômico nacional. Além disso, lembram que já há um grande volume de capacidade contratada em leilões que precisa de recursos. Por isso, cada vez mais é imprescindível a participação de investidores no país.
Segundo o Santander, atualmente essas captações acabam sendo feitas junto a pessoas físicas por meio de debêntures. Os investidores institucionais apresentam maior aversão diante do momento da economia nacional.
“Somente a Casa dos Ventos tem a perspectiva de realizar três operações de captação de recursos ao montante de R$ 500 milhões”, revelou o CFO da empresa, Ivan Hong. “São 9 GW de capacidade contratados e que precisarão de complementação de fontes de financiamento e uma das formas mais rápidas é para a pessoa física com emissões que, dado o volume de projetos em construção deverão aparecer com mais frequência no mercado de capitais”, acrescentou.
Desde o final de 2014 o país já registrou quatro operações de captação por meio de debêntures. Duas foram da Contour Global e Renova. “No ano passado fizemos outras duas emissões de debêntures com mais de R$ 200 milhões e a demanda foi maior que a própria emissão”, comentou o diretor de Novos Negócios da Casa dos Ventos, Lucas Araripe que demonstra confiança pelo crescimento desse mercado de captação, já que segmento eólico ainda apresenta poucos investidores quando comparado a outros setores da infraestrutura.
Um dos problemas para os empreendedores, detalhou Hong, é que o custo vem subindo. Os investidores vêm demandando mais spreads por retornos maiores. E exemplificou com casos de projetos de 2014, que tinham uma projeção de custos de captação por meio desses papeis e que hoje quando se vai ao mercado se mostra maior, pressionando a rentabilidade do projeto.