A chinesa State Grid confirmou que têm interesse em adquirir os ativos de transmissão que hoje estão sob a concessão da Abengoa. "Todas as operações de aquisições são monitoradas pela State Grid International Development. No entanto, a State Grid Brasil Holding confirma que há interesse nos ativos da Abengoa, mas que nenhuma proposta formal foi realizada", declarou a companhia por meio da assessoria de imprensa.
 
A confirmação está em linha com a informação repassada pelo Ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, que havia afirmado que duas empresas estrangeiras estariam interessadas nos empreendimentos da espanhola no Brasil.
 
Segundo Braga, um dos investidores estaria disposto a adquirir todas as concessões, enquanto o outro demonstrou interesse em adquirir parte dos empreendimentos, o que levaria à devolução das demais outorgas e à execução das garantias contratuais aportadas pelo grupo espanhol. “Estamos estudando [uma solução para os ativos da empresa]. Conversamos com os dois interessados e estamos analisando para ver se as propostas são viáveis e se são firmes do ponto de vista de viabilizar a entrega das concessões no prazo estabelecido”, disse o ministro na última terça-feira, 1º de março.
 
A espanhola Abengoa, que atua em geração e transmissão de energia, entrou com pedido de recuperação judicial para três subsidiárias no Brasil. Desde dezembro de 2015, todas as obras da Abengoa estão paralisadas no Brasil. Porém, a empresa está protegida pela lei de insolvência da Espanha. Isso permite a companhia preservar seu valor enquanto trabalha no desenvolvimento de um plano de viabilidade apropriado para seu futuro.
 
A Abengoa no Brasil construiu mais de 10 mil quilômetros de linhas de transmissão nos últimos 15 anos em projetos de mais R$ 10 bilhões e hoje conta com sete concessões de transmissão em operação e nove projetos em fases distintas de desenvolvimento. Procurada, a Abengoa Brasil não quis comentar o assunto.
 
Bioenergia – Os executivos da Abengoa Bioenergia Brasil, braço que controla as usinas São Luiz e São João, localizadas em São Paulo, se reuniram com credores no final de fevereiro para apresentar o plano de reestruturação de dívidas da companhia e diminuir os problemas financeiros que desde o final do ano passado afetam a empresa. António Rodriguez García, diretor geral da Abengoa Bioenergia Brasil, apresentou a atual situação da empresa e projetou o futuro dos negócios em território brasileiro. Na sequência, assessores que trabalharam no Plano de Viabilidade esclareceram os parâmetros financeiros e operacionais, contando com todo apoio jurídico para sua implantação.
 
“Foi uma reunião extremamente produtiva e, com certeza, os Bancos e Fundos puderam entender que estamos focados em soluções não somente imediatas, como também a longo prazo”, ressalta o diretor Comercial de Energia da Abengoa Bioenegia, Rogério Ribeiro Abreu dos Santos. Dentro da estratégia para execução do Plano de Viabilidade, novas reuniões já estão agendadas para ao longo deste mês. “Ficou acertado que os próximos passos serão reuniões bilaterais com cada instituição financeira para discutirmos e esclarecermos cada ponto do Plano de Viabilidade”, disse Abreu dos Santos.
 
Recentemente, a Abengoa Bioenergia iniciou os pagamentos junto aos seus parceiros dentro do cronograma de reestruturação financeira que a empresa traçou no começo deste ano. A empresa antecipou a quitação parcial das dívidas e, no começo de fevereiro, dentro do compromisso assumido, pagou a primeira parcela do acordo com todos os fornecedores independentemente do valor devido a cada credor.
 
“Fizemos isso em fevereiro e pretendemos novamente proceder da mesma maneira neste mês de março. Nosso objetivo, neste momento, é dar cada vez mais confiança aos nossos credores e acabar com qualquer possibilidade de entrarmos em recuperação judicial”, concluiu Abreu dos Santos.