A queda de barragens da mineradora Samarco na cidade de Mariana, em Minas Gerais, em novembro do ano passado, não trouxe apenas um rastro de tragédia e destruição para os habitantes da região. Além dos prejuízos econômicos acarretados com o deslizamento e a poluição do rio Doce, o setor elétrico também foi impactado pelo acidente ambiental, que está sendo considerado o de maior intensidade no país até hoje.

Na rede de distribuição, a Cemig contabilizou prejuízos de cerca de R$ 930 mil, dos quais R$ 708.187,77 foram gastos com materiais e equipamentos, R$ 144.462,15 com serviços de aeronaves e R$ 73.663,00 com mão de obra. Ela ainda teve que efetuar reparos de clientes nas comunidades de Camargos, Paracatu de Baixo, Pedras, Campinas e Ponte do Gama, em Mariana. Houve reparos ainda nas comunidades de Águas Claras, em Cláudio Manuel e Barretos/Gesteira, na cidade de Barra Longa, que juntos com os de Mariana, somam mais de mil clientes. A distribuidora restabeleceu o fornecimento em todas essas comunidades.

Já na geração, não houve impacto maior que para a PCH Bicas (1,56 MW). A usina, que ficava à jusante da barragem que estourou na cidade de Mariana, foi destruída pelo deslizamento. De propriedade da OPM Empreendimentos, ela teve a sua operação comercial suspensa pela Agência Nacional de Energia Elétrica na última semana, até que ela tenha condições de voltar às suas atividades. A proprietária da usina negocia com a Samarco uma reparação sobre os prejuízos com o acidente ambiental.

Outras usinas da região, como a UHE Risoleta Neves e a UHE Baguari, também foram, em diferentes intensidades, afetadas. A UHE Risoleta Neves (MG – 140 MW), da Aliança Geração e da Vale, está com a produção de energia suspensa desde o último dia 6 de novembro. A hidrelétrica ainda contabiliza eventuais prejuízos. Na UHE Baguari, que é da Cemig, Furnas e Neoenergia, a geração também chegou a ser interrompida.

Assim como fizeram os rejeitos da barragem, os impactos negativos na energia desceram o rio Doce, ultrapassando o estado de Minas Gerais e chegando ao Espírito Santo. Na UHE Mascarenhas, de propriedade da EDP, a geração de energia foi interrompida no dia 9 de novembro em caráter preventivo, para assegurar a integridade física das turbinas. Em nota à Agência CanalEnergia, a proprietária afirma que a usina voltou a operar no último dia 23 de fevereiro, não tendo havido necessidade de reparo ou limpeza na instalação. A EDP também ressaltou na nota que a paralisação não influenciou no abastecimento de energia elétrica para os clientes, uma vez que a usina do grupo integra o Sistema Interligado Nacional.

Na EDP Escelsa, resultados de desempenho divulgados pela controladora mostram que a energia em trânsito consolidada no sistema de distribuição, destinada ao mercado livre, caiu 18,5% no último trimestre do ano. Ela foi impactada pela redução de 29,3% no consumo do setor de extrativismo mineral, que representa 60% do consumo desta classe e a paralização da produção de um importante cliente, influenciado pelo acidente. A paralização do cliente ainda não foi sentida na receita do trimestre, já que o cliente está cumprindo com a obrigação da sua demanda contratada.