A AES Tietê será a empresa líder de um grupo de 19 companhias do setor elétrico brasileiro no desenvolvimento de um programa de P&D da Aneel com a meta de avaliar o impacto do avanço das fontes intermitentes no Sistema Interligado Nacional. O projeto que contará com a participação da Unicamp, CPFL e Cesp – entre outras – terá duração de três anos e um custo de R$ 13 milhões. Ao final desse período, a expectativa é a de ter um modelo matemático que possa ser utilizado tanto na operação em tempo real do SIN bem como prover dados para auxiliar no planejamento da expansão do sistema.
De acordo com o vice presidente de Novos Negócios da AES Tietê Energia, e que a partir de 1º de abril será o presidente da companhia, Ítalo Freitas Filho, esse novo sistema não substituirá nem confrontará o atual modelo computacional de formação de preços, o Newave e Decomp. Ele explicou que o programa utilizará como base um modelo desenvolvido na universidade norte-americana de Princeton para estudar a intermitência na região dos Estados Unidos que engloba o estado de Michigan à região da cidade de Nova Iorque, na costa leste.
Por esse motivo serão necessárias adaptações ao modelo matemático em função de que por lá se usa muito a fonte térmica e aqui a hidráulica, mas, em termos de grandeza, os números de extensão dos sistemas de transmissão e de capacidade de geração são bem próximos.
“O Smart-SEN é um modelo matemático que utiliza uma série de ferramentas probabilísticas e estocásticas que gerencia a incerteza. Ele prevê o impacto da geração intermitente da eólica e solar no sistema”, afirmou ele em entrevista à Agência CanalEnergia. “O Brasil tem uma característica hidráulica e vem perdendo capacidade de reservação ao mesmo tempo em que vemos muita eólica sendo adicionada ao sistema e isso impacta fortemente no modelo futuro. O modelo Smart-sen ajudará a modelar essa situação e indicará saídas como em transmissão onde e mais adequado, por exemplo, se colocar baterias para suportar uma saída rápida de capacidade de geração eólica do sistema”, exemplificou.
O executivo lembrou que essa característica poderá ser de grande ajuda para o ONS e para a EPE já que poderá indicar as necessidades do sistema de curtíssimo prazo e também no longo prazo com as simulações que a ferramenta permite realizar. E ainda possibilita ao regulador poder se adiantar em questões regulatórias, como por exemplo, no estabelecimento de resoluções que regulem a questão do armazenamento de energia no país, regras que ainda não existem por aqui já que fornece dados que podem indicar necessidades de se ter esse tipo de sistemas em regiões onde há um grande volume de sistemas de geração intermitentes.
“A parte macro desse sistema já está pronta assim como a forma de se realizar o cálculo. O que o P&D realizará são as adaptações ao modelo brasileiro e a inserção dos dados reais do ONS”, destacou Freitas. "Com isso, esperamos trazer um benefício ao setor e que vai garantir mais confiabilidade para o sistema, pois poderemos saber onde estão as restrições e poderemos assim orientar as políticas e ter um sistema com mais qualidade”, concluiu.
O modelo Smart-SEN chegou ao grupo que fez o lançamento do P&D na última sexta-feira, 26 de fevereiro, em São Paulo por meio do professor da Unicamp, Paulo Barbosa, que participou do desenvolvimento do modelo nos Estados Unidos durante seu pós doutorado e que procurou aplicar esse sistema ao país e é o coordenador deste projeto.