O mês de março deverá ser marcado pela retomada da condição hidrológica mais restrita no Nordeste quando comparado com a previsão para este mês. A estimativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico, revelada nesta quinta-feira, 25 de fevereiro, é de que a energia natural afluente neste submercado fique em 40% da média de longo termo ao final de março. Já o Sudeste/Centro-Oeste e o Sul continuam com previsões acima de média histórica com 104% e 129% da MLT. No Norte a perspectiva é de 79% da média.
O destaque para março é a ENA prevista para porção sul da bacia do Paranapanema com 288% da MLT e 199% da média na porção do submercado SE/CO, levando a previsão de afluência total nessa bacia a 210% da média histórica. Do outro lado, para a bacia do São Francisco no Nordeste a previsão é de 39% da MLT.
Apesar dessa retração no Nordeste, a situação é classificada como favorável. Como consequência dessa situação operacional mais favorável havia ainda na tarde de hoje a expectativa de que na próxima reunião do CMSE, marcada para o dia 2 de março, fossem anunciadas novas reduções de geração térmica. Atualmente, contou o operador, tem sido possível uma modulação na operação térmica a ponto de um desligamento total na carga leve e nos finais de semana.
No mês passado, o governo federal determinou que a partir de março fossem desligadas as UTEs de CVU acima de R$ 420/MWh, num total de 2 mil MW.
Mas, horas depois do ONS revelar essa possibilidade, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, adiantou que já a partir de 1º de março o governo determinou o desligamento de outros 3 mil MW de térmicas, o que elevará o desligamento total em março a 5 mil MW de capacidade de geração. Além disso, no mês de abril, será acionada a bandeira verde pela primeira vez desde que foi instituído esse mecanismo, em janeiro de 2015.
A carga média do SIN este mês ficou 1,8% maior do que em 2015, com destaque para o desempenho no Sudeste que apresentou demanda 3% acima do previsto e 2,6% acima do registrado em fevereiro de 2015. No sul o aumento da carga em relação ao mesmo mês de 2015 foi de 1,1% assim como no Norte que continua a apresentar o maior índice de aumento por conta da base menor em 2015 com a integração de Macapá ao SIN em outubro, o aumento em fevereiro foi de 5,8%. Já o Nordeste recuou 2,3% ante o mesmo período do ano passado.
A novidade quanto à meteorologia é a possibilidade de ocorrência do La Niña para o segundo semestre do ano ao invés de se verificar um período de neutralidade. Esse fenômeno poderá chegar após um dos El Niños mais forte já registrado e que começa a diminuir de intensidade. A probabilidade é de que o trimestre março, abril e maio seja mais chuvoso entre o Sul e Sudeste.
Durante o mês o ONS reportou condições hidrológicas favoráveis que propiciaram a boa recuperação dos reservatórios. Até mesmo a UHE Três Irmãos (SP, 803,5 MW) que estava no volume morto voltou a verter água, assim como a UHE Ilha Solteira. As usinas nas bacias do Paranapanema, Paraná, Tietê e baixo Grande estão com praticamente 100%. Já na cabeceira do rio Grande ainda está abaixo dos demais com cerca de metade da capacidade.
Na principal usina do Norte, Tucuruí, houve redução das chuvas em fevereiro, mas mesmo assim a geração por lá continua maximizada e com armazenamento mantido em cerca de 50% já que a afluência que chega à UHE é deplecionado. A expectativa é que haja novo replecionamento em março.