Um estudo da Associação Nacional de Biogás e Biometano apontou que o biogás poderia gerar o equivalente a cerca de um terço de toda a energia produzida na UHE Itaipu (Brasil/ Paraguai, 14.000 MW) e que no ano passado foi a maior usina em termos de energia produzida no mundo. De acordo com a entidade, o país disporia de cerca de 23 bilhões de metros cúbicos ao ano que permitiria a geração de 37 milhões de MWh e a um custo de 30% a 40% mais baixo do que se tem atualmente.
O motivo pela qual não se tem ainda a redução de preços estimada e a expansão dessa geração é a falta de uma política pública que viabilize a inserção na matriz energética nacional. Depois de três anos que a fonte voltou a ser debatida no país, a associação elaborou propostas a serem apresentadas ao ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. Essa proposta tem como destaque a realização de leilões de energia , simplificação tributária e desonerações na cadeia produtiva de equipamentos para usinas que se utilizarem desse combustível.
Pela falta do programa é que o biogás contribui de forma tímida para a matriz elétrica nacional. Segundo a secretária executiva da Abiogás, Camila Agner, o país contava, segundo os números mais recentes disponíveis – de 2014 –, com 70 MW em capacidade instalada. E o custo da energia dessa fonte hoje está no mesmo patamar de outras renováveis em uma faixa de preços entre R$ 180 a R$ 220/MWh. Já no leilão de A-3 de 2014, quando houve a possibilidade de negociar energia de resíduos o preço-teto estabelecido foi de R$ 169/MWh.
“Em termos de energia elétrica, o Brasil só aproveita 0,05% da energia potencial dessa fonte”, resumiu a executiva. “Hoje a maior parcela da capacidade existente está no Sul do país em pequenas propriedades e no Sudeste, onde se localizam as usinas de maior porte”, acrescentou.
O programa, explicou Camila, mostra que o biogás não é inviável do ponto de vista econômico e deverá viabilizar projetos de media e grandes escala no país. Esse primeiro grupo, principalmente, apresenta maiores dificuldades por falta de incentivos. E, em sua avaliação, o que falta na realidade é o entendimento por parte do governo de que essa é uma fonte importante para ajudar na disponibilidade de capacidade de geração de energia no país.
Questões regulatórias importantes no passado como a resolução 482 da Aneel, que passaram por aprimoramento em 2015 foram resolvidas. Essa em especial, destacou a executiva da Abiogás permitirá uma maior expansão do biogás para aqueles geradores de menor porte. Além desses, os grandes autoprodutores poderão ser beneficiados, uma vez que o biogás tem como fonte o uso de resíduos orgânicos, o que abre a perspectiva de sua adoção pela indústria de alimentos e da agroindústria, que tem nos seus rejeitos uma grande fonte de produção de biogás por meio de resíduos de animais ou os resíduos da colheita.
“A autoprodução é muito interessante, pois com o aprimoramento pode-se abater a energia gerada para o mesmo CNPJ, mas em diferentes locais como para cooperativas de pequenos produtores. Além disso, tratamento de esgotos pode levar a economia de energia em unidades de empresas de saneamento em um mesmo estado. Realmente é um passo interessante”, finalizou ela.