A espanhola Abengoa, companhia internacional que atua em geração e transmissão de energia, confirmou nesta terça-feira, 2 de fevereiro, que entrou com pedido de recuperação judicial para três subsidiárias no Brasil.
“As empresas Abengoa Concessões Brasil Holding S/A, Abengoa Construção Brasil Ltda. e Abengoa Greenfield Brasil Holding S/A apresentaram no dia 29/01/2016, junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, pedido de recuperação judicial, mais uma etapa do processo de reestruturação da companhia no Brasil", escreveu a companhia em nota à Agência CanalEnergia.
Segundo a Abengoa, o pedido de recuperação judicial tem por objetivo minimizar os impactos da suspensão de alguns dos projetos em construção e alcançar uma solução que seja adequada para todas as partes interessadas e afetadas pela situação atual. "A Abengoa Brasil está disponibilizando todas as suas capacidades na elaboração de um plano que atenda aos seus parceiros, credores e colaboradores”, disse.
Desde dezembro de 2015 todas as obras da Abengoa estão paralisadas no Brasil. A empresa está protegida por três meses, prorrogáveis para quatro, pela lei de insolvência da Espanha. Isso permite a companhia preserve seu valor enquanto trabalha no desenvolvimento de um plano de viabilidade apropriado para seu futuro.
A Abengoa é responsável pela construção de quatro sistemas associadas ao escoamento da energia da hidrelétrica de Belo Monte. O atraso dessas obras pode causar sérias consequências para o sistema elétrico brasileiro. A Abengoa no Brasil construiu mais de 10 mil quilômetros de linhas de transmissão nos últimos 15 anos em projetos de mais R$ 10 bilhões e hoje conta com sete concessões de transmissão em operação e nove projetos em fases distintas de desenvolvimento.
Rating rebaixado – A agência de classificaçaõ de risco Fitch rebaixou o rating nacional de longo prazo da Abengoa Concessões Brasil de ‘RD(bra)’ para ‘D(bra)’. O rebaixamento do rating reflete o pedido de recuperação judicial da Abengoa Concessões. "Este anúncio resultará em inadimplência no pagamento de parte ou toda a dívida da Abengoa Concessões e terá como consequência a prolongada renegociação desta dívida", alerta a agência.
Segundo a Fitch, as dívidas reportadas pela Abengoa Concessões no processo de recuperação judicial totalizam R$ 2,3 bilhões. A companhia era, ainda, garantidora de parte da dívida da Abengoa Construção, cujo endividamento declarado no pedido de recuperação judicial totaliza R$ 1,9 bilhão.
A Abengoa ainda controla a Abengoa Bioenergia, responsável pela operação das Usinas São Luiz e São João localizadas, respectivamente, em Pirassununga e São João da Boa Vista (SP). O escritório de advocacia Barbosa Müssnich Aragão é responsável pelo pedido de recuperação judicial da Abengoa no Brasil.
Colaborou Mauricio Godoi