Os ministros de Minas e Energia, Eduardo Braga, do Brasil e Luis Alberto Sánchez, da Bolívia, assinaram nesta terça-feira, 2 de fevereiro, no Palácio Itamaraty, em Brasília, uma agenda de trabalho para estudar oportunidades no setor elétrico e energético dos dois países. A presidenta Dilma Rousseff ressaltou a importância da parceria.
"Quero destacar aqui a importância da integração energética. O Brasil estimula e apoia o objetivo, anunciado pelo presidente Evo Morales, de transformar a Bolívia em centro energético regional. Atualmente, a Bolívia contribui para a estabilidade energética do Brasil, com cerca de 30% da oferta de gás natural sendo coberta pela Bolívia no mercado brasileiro. Mediante novos investimentos em hidroeletricidade e hidrocarbonetos, nosso vizinho boliviano, nosso vizinho da Bolívia, ampliará seu potencial de produção e exportação de energia elétrica. Vamos trabalhar, também, em iniciativas conjuntas relativas a GNL, GLP e fertilizantes, aproveitando sinergias e complementariedades entre nossos países. Nesse contexto, estabelecemos, em 2015, o comitê binacional sobre energia, para trabalharmos na identificação e desenvolvimento de novas oportunidades, como, por exemplo, o aproveitamento hidrelétrico conjunto do rio Madeira", declarou Dilma após reunião com o presidente boliviano, Evo Morales.
Um dos pontos da agenda de trabalho é a proposta de um cronograma para permitir que a hidrelétrica Jirau (RO-3.750 MW) passe a operar em uma cota constante de 90 metros (acima do nível do mar). Hoje, esse nível de água só é atingido nos períodos de cheia do rio Madeira. Se o reservatório passar a operar com um nível mais alto por mais tempo, haverá um aumento na quantidade de energia elétrica gerada pela usina ao longo do ano, beneficiando os dois países. Jirau é operada pela Energia Sustentável do Brasil, formada pelos sócios brasileiros Chesf e Eletrosul, a francesa Engie e a japonesa Mitsui & CO.
Brasil e Bolívia concordam em realizar estudos de pré-viabilidade e de viabilidade para o projeto hidrelétrico binacional do Rio Madeira e de Cachuela Esperanza. Ficou acertado ainda que a Bolívia realizará estudos de viabilidade para duas hidrelétricas nacionais, Rio Beni (Bala) e Rio Grande (Rositas), que, se concretizadas, poderiam receber participação do Brasil e vender energia para os brasileiros.
A exportação de energia elétrica boliviana também poderá se dar a partir de termelétricas a gás natural que o país estuda construir. No mesmo sentido, serão estudadas normas para a importação de energia elétrica da Bolívia pelo Brasil, de longo prazo, em regime ininterrompível. Outros pontos em debate são a renovação do acordo de fornecimento de gás para a Gasbol, a partir de 2019, e as tratativas entre a Petrobras e a empresa boliviana YPFB para atuação conjunta na área petroquímica, em Três Lagoas (MS) e na Bolívia.
O ministro boliviano informou que está em negociação com a empresa proprietária da UTE Mário Covas para associação e garantia de fornecimento de gás. A atuação conjunta entre a brasileira Eletrobras e a boliviana ENDE em aproveitamentos hidroelétricos binacionais também será detalhada na agenda de trabalho.
No dia 31 de março, em Santa Cruz, na Bolívia, acontecerá a II Reunião do Comitê Técnico Brasil-Bolívia. Na ocasião os grupos de trabalho detalharão cada ponto que integra a agenda de trabalho. O último encontro foi realizado no dia 28 de janeiro, também em Santa Cruz.