O consumo de eletricidade no país em 2015 recuou 2,1% em relação a 2014, somando 464,7 mil GWh, segundo a Empresa de Pesquisa Energética. A queda foi puxada, principalmente, pelo consumo das indústrias, que apresentaram queda de 5,3% no consumo de energia no ano passado. O segmento consumiu 169.574 GWh, com recuo de 9.532 GWh, que equivale à potência de uma hidrelétrica de 2.200 MW de capacidade instalada.
Segundo a EPE, o consumo da classe apresentou quedas mensais ao longo de 2015, intensificadas no segundo semestre. O último trimestre registrou recuo de 7,7%, o maior do ano e o mais forte já anotado para este período em toda a série de consumo iniciada em 2004. O Sudeste foi a região com o maior declínio absoluto na demanda, de 5.256 GWh. Por sua vez, o Nordeste terminou o ano com a maior queda percentual na demanda de eletricidade no segmento industrial, de 8,8%. Entretanto, foi a única região que apresentou uma elevação no consumo livre de 9,3%.
O consumo residencial também registrou decréscimo de 0,7%, totalizando 131.315 GWh. Segundo a EPE, desde o início de coleta dos dados em 2004, não se observa desempenho tão reduzido. Pela primeira vez depois do racionamento em 2001, o consumo médio nas residências brasileiras em dezembro de 2015 registrou retração de 0,3%. Tal resultado, afirma a EPE, se deve à combinação de aspectos tais como o quadro econômico adverso, elevação da tarifa média de eletricidade ao consumidor, esta impactada tanto pelo índice de reajuste superior a 40% em algumas distribuidoras do país quanto pela incidência da bandeira vermelha nas contas de eletricidade durante o ano de 2015.
As condições desfavoráveis de emprego, renda e crédito foram determinantes para a não aquisição de novos eletrodomésticos pelas famílias. A expansão de unidades consumidoras residenciais também ficou aquém do histórico de cerca de 3,5% em média, desde 2004. Em 2015, foram acrescidos à base 1,6 milhão de novas unidades, significando um crescimento de 2,5% em relação a dezembro de 2014. No último trimestre do ano, o consumo residencial caiu 1%.
Na classe comercial, o resultado anotado em 2015, de alta de 0,6%, ficou longe da expansão que vinha realizando nos últimos cinco anos – superior a 6% em média. Tal resultado se deveu ao enfraquecimento da atividade comercial e ao recuo de investimentos no setor. No segmento de shopping centers, por exemplo, o crescimento de 3,3% da área bruta locável demonstra desaceleração se comparado ao passado recente.
Em termos regionais, coube ao Nordeste a principal contribuição para o resultado ainda positivo da classe. Na região, que responde por 15% da classe comercial do país, o consumo cresceu 4,3% devido à maturação de investimentos no setor como um todo, que foram se concretizando ao longo do ano, principalmente no primeiro semestre. Somente no mês de dezembro, o consumo da classe caiu 0,2%. No último trimestre do ano, a queda chegou a 1%.