As condições operativas do Nordeste sinalizam para uma importante melhoria no mês de fevereiro. Essa é uma das expectativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico, reveladas nesta quinta-feira, 28 de janeiro, primeiro dia da reunião do Programa Mensal de Operação para o próximo mês. A carga de janeiro foi menor do que a esperada no Plano de Operação Energética (PEN 2016) e as chuvas estão elevando as afluências na bacia do São Francisco. Contudo a geração térmica ainda deverá continuar, inclusive, o operador informou que vai orientar o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico a manter o acionamento térmico de maneira a replecionar as usinas do rio São Francisco no máximo possível.
A projeção é de que o PLD para a região continuará descolado do resto do país até pelo menos o final do período úmido. Por isso, apesar de todo o alvoroço quanto à redução das bandeiras tarifárias e da expectativa em desligamento das térmicas estimado esta semana, o ONS não tem previsão de pedir o desligamento dessas usinas. Foi relatado aos presentes à reunião do PMO de fevereiro que ainda está se fazendo estudos sobre o tema.
No mês de janeiro houve até mesmo o despacho daquelas térmicas mais caras, acima de R$ 600/MWh, no Nordeste, em decorrência da meta de mínima utilização da capacidade de hidrelétricas que existem por lá. Já a previsão é de que essas termelétricas não sejam mais acionadas com o aumento da disponibilidade hídrica na região e o aumento do limite de intercâmbio de energia entre essa região e o Norte com a segunda fase de Tucuruí que passará de 3500 MW médios para 4800 MW médios. Como consequência, o preço no Nordeste deverá apresentar alguma redução.
De acordo com a apresentação do ONS, o Nordeste poderá ter um alivio em relação ao que viu no ano passado. Isso porque com o aumento do nível de chuvas já se registra o aumento do nível do São Francisco e do reservatório de Sobradinho que deverá manter essa trajetória de recuperação após quase ter chegado ao volume morto. Um dos motivos é a defluência de 800 metros cúbicos por segundo. A bacia do São Francisco está com vazões de 4 mil m³ por segundo e a UHE Sobradinho com 3 mil m³/s, isso criaria uma condições de recuperação substancial do reservatório mais importante daquele submercado, que poderá, inclusive, alcançar 25% ao final de fevereiro. Do outro lado a maior incidência de chuvas levou a um menor nível de geração eólica.
Inclusive, as previsões preliminares do ONS para fevereiro, apontam para uma energia natural afluente no Nordeste que há muito não se via. Caso se confirme será de 122% da média de longo termo. Perde apenas para o que é esperado para o Sul com 132% da MLT. No Sudeste/Centro Oeste a estimativa inicial é de 114% da média histórica e no Norte está em 88% da média. No Norte, a UHE Tucuruí (PA, 8.340 MW), que está com 4 mil MW médios de energia, deve chegar a 6 mil MW médios com as máquinas da segunda fase da usina.
Outro fator que as chuvas trouxeram foi a redução da transferência de energia do Sul para o Sudeste, o que levou à diminuição da geração no rio Uruguai, que dentre os reservatórios dessa região apresentava o menor nível de armazenamento. E ainda, as temperaturas abaixo da média auxiliaram na redução da carga e consequente aumento dos reservatórios. Segundo o ONS, a Zona de Convergência do Atlântico Sul ZCAS (fenômeno climático) ocorrida nas últimas semanas de dezembro não eram vistas desde o período úmido 2011/2012. Há previsão desse fenômeno se repetir na segunda quinzena de fevereiro, sendo que a primeira quinzena será marcada por concentração de chuvas apenas na região Sul.
Por sua vez, foi informado que o cronograma da hidrelétrica de Belo Monte será postergado em dois meses, passando de março para maio deste ano. Já o cronograma do segundo bipolo do Madeira, que vai escoar parte da energia das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, está atrasado em dois meses. Aproximadamente 3 GW de geração hídrica serão deslocados. Contudo, como a carga está baixa, esse atraso não deve impactar nos preços de PLD.
A carga no Sistema Interligado Nacional fechou janeiro com 65.728 MW médios, 5,6% abaixo de janeiro de 2015 (69.606 MW médios) e 1,1% abaixo do projetado pelo Plano de Operação Energética – PEN 2016 (66.479 MW médios). O que fez a carga não ultrapassar a projeção do ONS foram os resultados da carga do Nordeste e Norte. A chuva nessas regiões derrubou a temperatura e puxou a carga para baixo.
Na região Sudeste/Centro-Oeste a demanda em janeiro fechou em 38.519 MW médios, queda de7,1% quando comparado com os 41.467 MW médios registrados em janeiro de 2015, porém em linha com a previsão do PEN 2016, que era de 38.500 MW médios para janeiro. O retorno das férias e a altas temperaturas ajudaram a elevar a carga na segunda quinzena nesse subsistema.
Por sua vez, no Sul a carga em janeiro fechou em 11.860 MW médios, 4,4% abaixo do mesmo mês do ano passado (12.407 MW médios), porém 2,1% acima do projetado no PEN 2016 (11.613 MW médios). A carga do Nordeste ficou em 10.098 MW médios, 5,9% abaixo de janeiro de 2015 (12.407 MW médios) e 7,5% abaixo do projetado no PEN 2016 (10.910 MW médios). A carga do Norte é estimada em 5.253 MW médios, 5% acima de janeiro de 2015 (12.407 MW médios), porém 3,7% abaixo do projetado no PEN 2016 (5.456 MW médios).