O cenário econômico difícil que vem se apresentando no Brasil deve fazer com que a Nexsteppe busque uma presença mais forte em outros países que ela já atua. A empresa, que desenvolve sementes de sorgo para a produção de álcool de segunda geração e biomassa para produção de energia, se viu prejudicada pelas mudanças climáticas, que aumentaram a oferta de energia hídrica e trouxeram sobra de cana. "O consumo de energia caiu e há oferta de matéria-prima maior", explica Ricardo Blandy, vice-presidente da Nexsteppe na América Latina.

A empresa já atua em vários países da Ásia, Europa e Estados Unidos, mas tem no Brasil seu principal mercado, devido ao potencial do país para a biomassa e para a produção de álcool. A China é um dos países que Blandy acredita que a empresa pode registrar uma performance melhor. "[A China] Está se tornando um país cada vez mais interessante, ela está começando a se preocupar com aspectos como créditos de carbono e poluição", avisa. Mesmo com o recuo da economia brasileira, a empresa ainda enxerga oportunidades no país. As regiões que não foram atingidas pela seca, como o Nordeste, se tornaram alvo da Nexsteppe. "Eles precisam de matéria-prima para produção de álcool e de energia", aponta. A Nexsteppe mantém também negociações com empresas que tem visão de longo prazo, que não tem a tomada de decisão afetada pelo que acontece no curto prazo.

O produto Palo Alto, para a bioenergia, concentra 95% das vendas da empresa, enquanto o produto Malibu, para álcool, fica com o restante. Além desses, tem o sorgo para biogás e um para biocombustíveis de segunda geração, que será lançado ainda este ano.

O biogás é um dos mercados que a empresa pretende explorar ainda esse ano no país, mas como essa fonte de energia ainda engatinha no país – ao contrário de outros países da Europa – as projeções ainda são tímidas. Mesmo assim, a empresa tem tido diálogos com players do setor como a Geo Energética. "Ainda são passos curtos", observa Blandy, que também aposta que a mudança de governo na Argentina possa trazer mais oportunidades de negócios naquele país. Uruguai e Paraguai também estão no radar.

O executivo lamenta que no momento de crise, não haja uma preocupação com a questão da sustentabilidade, com o uso de uma fonte limpa, como a biomassa. Segundo ele, o preço acaba se sobrepondo. Ele conta que como a energia do mercado livre está muito barata, o fator preço fala mais alto no pensamento vigente. "O momento atual não é de pensar em sustentabilidade, mas no menor custo de produção", afirma.