A Casa do Ventos anunciou nesta segunda-feira, 11 de janeiro, a venda no fim de 2015, por cerca de R$ 2 bilhões dos parques eólicos Ventos de Santa Brígida (PE – 182 MW) e Ventos do Araripe I (PI – 210 MW) para a Cubico Sustainable Investiments, uma operadora global de origem inglesa. A venda é a maior já realizada no país no setor eólico e os empreendimentos representam um terço da energia contratada pela Casa dos Ventos, um dos maiores players eólicos do Brasil.
De acordo com Lucas Araripe, diretor de Novos Negócios da Casa dos Ventos, a operação de venda deixa a empresa com uma capacidade financeira melhor ainda para implantar novos projetos e seguir com o que está em construção. "Ficamos em situação privilegiada em que podemos participar de novos leilões e aproveitar oportunidades que venham surgir em 2016", explica Araripe. Ainda de acordo com ele, o movimento vai gerar mais liquidez para a Casa dos Ventos e possibilitar a retomada do ciclo de investimentos em novos projetos que estão na carteira da empresa.
Ventos de Santa Brígida iniciou a operação em setembro do ano passado e Ventos do Araripe I em outubro. O executivo conta que a Casa dos Ventos segue normalmente com a implantação dos outros três projetos que ela tem em construção. O Complexo Eólico de Tianguá (216 MW), no Ceará; Ventos de São Clemente (216 MW), em Pernambuco e Ventos do Araripe III (359 MW), no Piauí. Em 2017 todos já deverão estar em operação.
Araripe conta que a operação com a Cubico se resumiu apenas a venda dos parques, descartando o acerto de algum tipo de parceira. "Foi uma operação pontual", relata. Ele ressalta que a empresa continua apostando em dominar a expertise da operação e manutenção de parques. Ela vem inclusive investindo na compra de equipamentos específicos e no treinamento de equipes. "Por mais que faça sentido em algum momento vender ativos, queremos ter uma quantidade representativa de ativos nossos gerando", aponta.
A aproximação entre as empresas veio de modo natural. Parte do quadro da Cubico vem do banco Santander, que tem forte atuação na área eólica. A compra de parques eólicos por operadores internacionais pode se tornar uma tendência. Com o atual cenário de incerteza econômica, os estrangeiros ficam em condição privilegiada para adquirir ativos já em operação.
O diretor da Casa do Ventos nega que uma eventual dificuldade do setor eólico na obtenção de crédito tenha influenciado na decisão. Segundo ele, quando a empresa faz um investimento em projeto de leilão, ela já tem os recursos assegurados. "Só participamos se tiver todo o capital. [A negociação] Foi uma boa oportunidade, dado que temos mais projetos em desenvolvimento. Faz sentido reciclar o capital e reinvestir", avisa.
Caso as condições apresentadas para os leilões de 2016 tornem os certames atrativos, a empresa virá com apetite reforçado, participando de modo representativo. A operação de venda dos parques já foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.