A Fitch Ratings acredita que a perspectiva de 2016 para o setor elétrico brasileiro é negativa, ainda que 83% da carteira da agência esteja com perspectiva estável, ante 75% em 2014. A princípio, a Ftich não espera alterações significativas das classificações em 2016, pois elas já incorporam o cenário atualmente desafiador para o setor. Ações de rating nos próximos 12 a 24 meses deverão resultar de fatores específicos de cada companhia.
 
“A combinação de custos de dívida e inflação em patamares elevados, menor demanda por energia no país e, no caso das distribuidoras, provável crescimento do nível de perdas e inadimplência, deve impactar negativamente o fluxo de caixa das operações das empresas do setor elétrico brasileiro”, afirma Adriane Silva, analista sênior da Fitch.
 
A expectativa da agência é que a geração de caixa das distribuidoras seja menos volátil em 2016, graças à manutenção do mecanismo de bandeira tarifária e ao maior nível de contratação de energia frente à demanda esperada. A geração de caixa das transmissoras deve continuar bastante previsível, e as geradoras hídricas com altos níveis de contratação de energia devem ter resultados menos voláteis, na hipótese de um cenário hidrológico mais favorável e com menores preços médios de energia no mercado spot. Na avaliação da Fitch, o consumo de energia no Brasil deve seguir pressionado, acompanhando a contração econômica e a forte elevação das tarifas.
 
A Fitch não espera grandes novidades na regulação do setor elétrico brasileiro no próximo ano, embora o risco regulatório permaneça moderado. Importantes questões, como a renovação das concessões das distribuidoras, foram resolvidas em 2015. Para a Fitch, o país entra em 2016 ainda dependente de uma hidrogia satisfatória nos primeiros meses do ano para recompor os reservatórios das hidrelétricas, apesar de o cenário atual apontar para um menor risco de racionamento.