Na última sexta-feira, 18 de dezembro, a Standard & Poor’s rebaixou os ratings da Cesp de ‘BBB-‘ para ‘BB+’ na escala global e de ‘brAAA’ para ‘brAA+’ na Escala Nacional Brasil. Também removeu os ratings da listagem creditwatch com implicações negativas, na qual foram colocados em 14 de setembro de 2015. Creditwatch é uma definição usada quando a agência acredita que há probabilidade de realizar uma ação de rating no prazo de 90 dias. A perspectiva dos ratings de crédito corporativo da Cesp é negativa.
Com base no nosso cenário hipotético de um default em moeda estrangeira do soberano, a S&P avaliou, entre outros fatores, o impacto negativo de uma desvalorização de 50% na moeda local em relação ao dólar norte-americano sobre os bonds de US$ 239 milhões em moeda estrangeira da Cesp e uma redução em seu Ebitda de 60%, em função do efeito negativo do estresse inflacionário sobre os custos. A S&P também considerou em sua avaliação um congelamento de tarifas aplicado aos contratos regulados para distribuidoras. "Isso resultaria em uma relação entre seus usos e fontes de liquidez para menos de 1,0x. Portanto, os ratings da empresa são limitados pelos do soberano", diz a agência de classificação de risco.
Para a S&P, há baixa probabilidade do governo de São Paulo prestar algum suporte extraordinário à empresa. "… acreditamos que os ratings da Cesp também são limitados pelo do Estado, em função da ausência de uma estrutura legal que a protegesse do risco de ‘intervenção negativa’ no caso de um default estadual ou de algum outro estresse financeiro que o Estado viesse a enfrentar".
A capacidade instalada da CESP caiu significativamente para 1,6 GW em setembro de 2015, versus 6,6 GW em dezembro de 2014, após ter retornado ao Poder Concedente as hidrelétricas Jupiá e Ilha Solteira, de acordo com o vencimento do contrato de concessão. Essa devolução foi contrabalançada pela redução na dívida da empresa, a qual totalizava R$ 1,7 bilhão em setembro de 2015, ante R$ 2,8 bilhões em dezembro de 2014.
Segundo a S&P, a perspectiva negativa da Cesp espelha os ratings soberano e do Estado de São Paulo. Portanto, a alteração da perspectiva para estável seguiria necessariamente movimento similar nos ratings destes. "Um rebaixamento é possível se realizássemos a mesma ação nos ratings soberanos ou nos do Estado de São Paulo. Poderíamos também rebaixá-los se – em função do impacto negativo da hidrologia no desempenho operacional – houvesse um enfraquecimento consistente na geração de fluxo de caixa da empresa, resultando em uma geração interna de caixa sobre dívida abaixo de 45% e em uma dívida total sobre Ebitda acima de 2,0x. Poderemos também rebaixar os ratings se os pagamentos de dividendos pressionassem a posição de liquidez da Cesp, com a relação entre seus usos e fontes de liquidez para menos de 1,0x".