A russa Rosatom fecha o ano com boas perspectivas para seus próximos passos na América Latina. Recém chegada a região, onde mantém sua sede no Rio de Janeiro, a empresa com foco na energia nuclear, já tem prospectos no Brasil, Argentina e Bolívia. Mas já está em articulações para outros mercados como o Peru, ao qual fará a primeira visita oficial em 2016.

O vice-presidente da empresa no continente, Ivan Dybov, se disse contente com os primeiros resultados. No Brasil, a grande expectativa do grupo é quanto a possibilidade de participar da futura construção de novas usinas nucleares pós-Angra 3. Com a possibilidade de participar tanto como construtor como investidor e sócio das novas plantas. Para isso, a legislação brasileira teria que ser alterada para permitir a participação de investidores estrangeiros e privados.

Enquanto isso, o grupo russo está prospectando áreas nas quais os negócios possam sair mais rápido. A Rosatom está no aguardo do lançamento de uma licitação para um novo depósito de rejeitos radioativos das usinas nucleares de Angra (RJ), que deve ser lançada em breve. "Está sendo discutida há dois anos. Queremos participar, mas precisamos de mais informações técnicas", observou Dybov, que conversou com jornalistas no Rio de Janeiro esta semana. A expectativa é que a licitação seja aberta no ano que vem.

A Rosatom quer ainda aprofundar o relacionamento com a Nuclep, aproveitando um memorando de entendimento assinando em agosto de 2014. Dybov afirmou que a empresa está bem localizada. "A Nuclep pode ser um parceiro estratégico por ter patente e logística", afirmou sobre a especialização da empresa e a proximidade da fábrica com o Porto de Itaguaí (RJ). A estatal poderá apoiar a russa nos projetos da região. A empresa também tem um acordo para troca de informações com a Camargo Correia.

A primeira usina nuclear com tecnologia russa deve sair na Argentina, onde a empresa já tem um acordo firmado com o governo local. A planta deve ter capacidade instalada de 1.200 MW, mas ainda não há previsão de início da construção. O país vizinho deve construir outras duas usinas com parceiros chineses e canadenses.

A parceria com a Bolívia resultou na construção de um grande centro de pesquisas nucleares, que deve ser iniciada em breve. Dybov deixou claro que a Rosatom está com o leque de possibilidades abertos, com todas as suas áreas disponíveis para oportunidades na América Latina. A empresa já fornece isótopos para medicina nuclear na região, inclusive o Brasil, e quer entrar em áreas como purificação de águas, uso agrícola e fornecimento de combustível nuclear.

Dybov acredita que o resultado da Conferência das Partes 21, em Paris, deve reafirmar a energia nuclear como uma opção viável para a mudança para a economia de baixo carbono. "A energia nuclear dá base as usinas de energia alternativa, como a eólica", exemplificou.