O sucesso do leilão de energia existente deixou a AES Eletropaulo (SP) em uma situação que poderá trazer prejuízos financeiros para a empresa em 2016. A companhia contratou 55,06% dos 1.954 MW médios negociados no certame realizado nesta sexta-feira, 11 de dezembro. Com esse resultado, a empresa ficará 112% sobrecontratada, sete pontos percentuais acima do permitido pela regulação. Essa energia extra não poderá ser repassada para a tarifa.
 
Por regra, a Eletropaulo é obrigada a recontratar no mínimo 96% da energia que estava sendo descontratada neste ano. Em 2015, a empresa finalizou um grande contrato que tinha com a AES Tietê e por isso tinha um volume de descontratação da ordem de 1.200 MW médios. Com a queda no consumo em 2015, porém, a empresa sabia que não precisava recontratar toda essa energia. “Entramos no leilão sabendo que não precisávamos dessa energia”, disse Teresa Vernaglia, vice-presidente de Clientes e Negócio de Distribuição da AES Eletropaulo, em entrevista à Agência CanalEnergia. Em 2015, a empresa registrou uma queda no consumo de 4,5% em seu mercado, provocada pela conjuntura econômica do país e pela escalada das tarifas de energia elétrica.
 
Pela regulação, as distribuidoras podem ficar contratadas até 105%. Esse volume permite que a empresa repasse os custos com compra de energia para o consumidor do mercado cativo. Acima disso, concessionária precisa liquidar no mercado de curto prazo. Porém, como a tendência é de queda no preço spot, a empresa prevê perdas financeiras, pois terá que liquidar a preços bem menores que o contratado.
 
A companhia segue em conversas com o governo na tentativa de sensibilizar o Ministério de Minas e Energia a encontrar uma solução para o problema. Na visão da AES Eletropaulo, a sobrecontratação é involuntária e foi avisada com antecedência as autoridades do ministério. “A nossa preocupação é discutir junto com o governo mecanismos para que esse descolamento não onere mais a companhia”, concluiu a executiva.