A indústria nacional de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica espera mais um ano difícil em 2016, com queda nominal no faturamento de 1% em relação aos R$ 16 bilhões realizados em 2015. O desempenho da indústria reflete às dificuldades financeiras enfrentadas pelos agentes de transmissão e distribuição nos últimos dois anos. O faturamento da indústria nacional também continuará prejudicado pelo aumento no volume de importação no setor de geração, principalmente de peças para os segmentos eólico e fotovoltaico.
Segundo Roberto Barbieri, assessor da área de GTD da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, a contenção dos investimentos em transmissão deverá persistir em 2016, impactados pelos insucessos dos últimos leilões e pela dificuldade financeira de empresas como a Abengoa, que protagoniza uma das maiores falências espanholas.
Já os investimentos em distribuição deverão ser impactados pelo baixo consumo. “Vamos ter uma redução do consumo que de uma certa forma evita um investimento em expansão da rede, que é parte do investimento das distribuidoras. Vimos isso quando teve o racionamento em 2001… O investimento das distribuidoras só se recuperou em 2004, 2005. Lógico que o consumo não está caindo 20%, mas pode ser que essa queda postergue investimentos que seriam feitos o ano que vem”, disse Barbieri em entrevista nesta quinta-feira, 10 de dezembro, em São Paulo.
Por outro lado, com o reequilíbrio tarifário realizado neste ano e com renovação das concessões, espera-se que as empresas voltem a investir em melhorias e modernização da rede elétrica. Contudo, mesmo que haja uma recuperação do segmento de distribuição, isso não deverá ser suficiente para reverter o quadro de queda no faturamento do setor de GTD.
“Sou muito otimista em relação à distribuição no ano que vem”, disse Humberto Barbato, presidente executivo da Abinee, “porque o dano causado com o aumento de tarifa tem que trazer algum resultado. Conversando com alguns associados da Abinee, eles já começaram a sentir algumas encomendas das empresas distribuidoras de energia, em função de uma manutenção mais robusta do que vinha sendo feito quando a tarifa estava defasada. Só que a distribuição não opera com valores expressivos como geração e transmissão. Evidentemente a distribuição não vai ter um peso para fazer com que o setor de GTD possa vir a ter um número positivo. Mas quando se olha individualmente, já vejo uma recuperação em distribuição.” O setor de distribuição representa 25%, no máximo 30% da área de GTD.
Em geração, a perda no faturamento acontecerá pelo maior volume de importações de equipamentos eólicos e fotovoltaicos. “Essas usinas que vão ser construída futuramente diminuem o faturamento da indústria nacional”, explicou Barbieri, destacando que essas novas formas de geração ainda não dispõem de uma cadeia nacional completa para atender suas necessidades. Além disso, muitos geradores estrangeiros estão optando por importar seus equipamentos. Em 2015, as importações em GTD ultrapassaram a marca de US$ 1 bilhão, contra uma exportação de US$ 550 milhões.