A Agência de classificação de risco Fitch Ratings atribuiu na última segunda-feira, 7 de dezembro, o Rating Nacional de Longo Prazo ‘B(bra)’ da Celg Distribuição. Ao mesmo tempo a agência afirmou o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA-(bra)’ à proposta de emissão de Cédula de Crédito Bancário da companhia,no montante de até R$ 315 milhões e prazo de cinco anos. A perspectiva do rating corporativo é estável.
Os recursos da proposta de emissão da CCB da Celg D serão utilizados como capital de giro da companhia e contarão com garantia corporativa de sua acionista controladora, a Eletrobras, além de recebíveis da emissora. De acordo com a Fitch, o rating da Celg D reflete seu fraco perfil de crédito, caracterizado por apresentar alavancagem financeira elevada, significativa concentração de dívida no curto prazo e reduzida posição de liquidez. Além disso, a companhia tem importantes desafios para melhorar e otimizar seu deficiente desempenho operacional, que tem impactado de forma negativa a geração operacional de caixa. O risco de liquidez da Celg D é atenuado pelo fato de a empresa ser controlada pela Eletrobras, o que lhe confere a possibilidade de maior acesso a fontes de financiamento, com custos financeiros mais atrativos.
A Fitch considera, no entanto, que o benefício do potencial suporte da controladora é temporário, uma vez que a empresa já divulgou a intenção de alienar sua participação na distribuidora no curto prazo. A análise da Celg D incorporou a posição monopolista da companhia na distribuição de energia em sua área de concessão e o moderado risco regulatório do setor elétrico brasileiro. A implantação do sistema de bandeiras tarifárias e dos reajustes extraordinários de tarifa no começo de 2015 foi positiva para o fluxo de caixa das empresas do segmento de distribuição e reafirma a percepção da agência quanto à importância do setor para o país. A avaliação também considerou o risco hidrológico, atualmente acima da média.
O rating da proposta de emissão de CCB da Celg D foi equalizado ao risco de crédito da garantidora, a Eletrobras, controladora atual da Celg D e que detém 50,93% de seu capital votante e total. Em caso de alienação da Celg D, o novo controlador terá que substituir esta empresa garantidora por outra que seja aceita pelo credor da CCB ou remunerar a Eletrobras pela sua permanência como garantidora. A Fitch acredita que a alavancagem da Celg D deverá permanecer elevada nos próximos anos, em consequência da expectativa de lenta recuperação dos fracos resultados operacionais e do alto endividamento.
A Celg D tem o desafio de melhorar sua eficiência operacional, com o objetivo de atingir as metas de qualidade de serviço e de redução de perdas determinadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica, bem como alcançar o Ebitda regulatório determinado em sua última revisão tarifária, em setembro de 2013. O reajuste tarifário extraordinário e a adoção do sistema de bandeiras tarifárias tiveram impacto positivo no Ebitda do período de 12 meses, encerrado em setembro de 2015, que atingiu R$ 221 milhões, frente a R$ 103 milhões em 2014. No entanto, o atual ambiente macro econômico desfavorável no Brasil deve prejudicar o volume de energia a ser distribuído em sua área de concessão, bem como pressionar seus índices de inadimplência e perdas.
O fluxo de caixa livre da Celg D deverá permanecer negativo ao longo dos próximos quatro anos, tornando necessárias novas captações de recursos dentro do ambiente atual de escassez de linhas de crédito e altos custos financeiros. A Fitch estima que a companhia deverá investir R$ 1,8 bilhão no período de 2016 a 2018 para tentar atingir as metas estabelecidas pela Aneel. Com base no período de 12 meses encerrado em 30 de setembro de 2015, o fluxo de caixa das operações, de R$ 901 milhões, mesmo beneficiado pela renegociação de passivo de encargos setoriais ocorrida no quarto trimestre de 2014, foi insuficiente para cobrir os investimentos de R$ 1,2 bilhão, o que resultou em FCF negativo em R$ 252 milhões.