O rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Minas Gerais, levantou uma série de questões quanto a importância de se elaborar um Plano de Ações Emergenciais (PAE). No setor elétrico, as concessionárias detentoras de usinas hidrelétricas não estão livres de viver uma situação desse tipo. Por isso, a importância de se ter um Plano de Segurança e um PAE bem feito para ser colocado em prática em situações críticas.

O Institutos Lactec trabalha há mais de dez anos com o PAE, já tendo realizado avaliações para hidrelétricas como Foz da Areia, Segredo e Salto Caxias, da Copel, e Barra do Braúna, do grupo Brookfield. No PAE são elencadas as ações que devem ser tomadas em caso de rompimento da barragem. "Nele está contido o que pode acontecer se romper uma barragem, quais os impactos a jusante, o que vai alagar, quanto tempo demora para alagar a cidade mais próxima, o que se pode fazer durante uma ruptura, e quem deve ser avisado", exemplifica o engenheiro civil do Lactec, Rubem Daru.

Ele comenta que em uma situação de emergência é difícil pensar em todas as providências que precisam ser tomadas e o PAE serve como uma manual do que precisa ser feito. "O plano de ações dá as diretrizes do que fazer para na hora da emergência não ter que ficar pensando. É só pegar o documento e fazer o que está escrito. Pode ser que tenha que acionar sirenes, comunicar a defesa civil, tudo está direcionado no plano", afirmou Daru em entrevista à Agência CanalEnergia.

A gerente do Departamento de Recursos Ambientais do Lactec, Tânia Lúcia Graf de Miranda, explicou que cada plano tem uma hierarquia em função do que tem a jusante da barragem. "Além dos relatórios do PAE, tem sempre um documento como se fosse um sumário executivo, que é justamente onde estão elencadas em ordem hierárquica, todas as ações que tem que ser tomadas. De bacia para bacia, de rio para rio, de barragem para barragem, isso muda", contou.

Por lei, as concessionárias precisam adotar um plano de segurança de barragem e um plano de ações emergenciais para a usina. O Plano de Segurança, de uma forma geral, deve apresentar qual o trabalho proposto pela empresa para evitar falhas, a partir do monitoramento da barragem. O Lactec também atua nas inspeções das estruturas que compõem as barragens. Existem instrumentos de medição que medem alguns parâmetros no corpo da barragem que podem indicar uma possibilidade de ruptura.

"Os instrumentos, dependendo do tipo de estrutura, tem diferentes propósitos. Podem ter instrumentos que medem deslocamentos, pressões, então cada instrumento tem sua finalidade numa análise de segurança", afirma o gerente do Departamento de Estruturas Civis, Luiz Alkimin de Lacerda. Segundo ele, cada instrumento, de alguma maneira, pode contribuir com alguma informação que repasse algum indicador de estabilidade dessa estrutura.

"Elas [as barragens] são projetadas para ter um determinado fator de segurança mínimo e a instrumentação nos auxilia no decorrer operacional a avaliar qual é o fator de segurança ou estimar o fator de segurança presente naquela estrutura. Eu digo estimar, porque muitas vezes essa instrumentação é pontual. Não se consegue ter uma instrumentação abrangente a ponto de você saber exatamente o que acontece em toda a estrutura", aponta. Alkimin explica que em um plano de instrumentação são feitas algumas sessões na barragem para avaliar então o comportamento médio daquela estrutura.