O leilão de venda da Celg-D (GO) vai contar com a participação de um personagem que assim como a Eletrobras, tem bastante interesse no resultado. O governo de Goiás, por meio da holding Celgpar, tem os 49% das ações restantes da distribuidora que também serão postas à venda. De acordo com Fernando Navarrete, presidente da Celgpar, à época da federalização, foi feito um acordo entre os dois entes que previa a venda conjunta das participações caso houvesse interesse de uma das partes. "Foi a maneira que o estado e a Celgpar encontraram de garantir na hipótese de uma alienação futura, ter um valor de controle mesmo sendo minoritários", explica. A previsão do presidente da holding é que o leilão seja realizado até o fim do primeiro trimestre do ano que vem. No fim de novembro, a Celgpar abriu processo licitatório para contratação de assessoria financeira para o processo de venda das ações.

Navarrete explica que uma assembleia geral a ser realizada no próximo dia 17 de dezembro deve aprovar o processo de alienação. A intenção é fazer a venda nos mesmos moldes que a Eletrobras, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e do Conselho Nacional de Desestatização e depositando as ações no Fundo Nacional de Desestatização. A Eletrobras informou na última semana que a sua participação acionária deve ser vendida por pelo menos R$ 1,4 bilhão e que caso a Celgpar decida vender suas ações em conjunto, os valores das ações passarão para R$ 18,69, totalizando R$ 2.671.672.506,21.

A expectativa de Navarrete é que a alta do dólar atraia para o leilão da distribuidora mais grupos estrangeiros. "A desvalorização do real torna o desinvestimento mais interessante para grupos de fora. Temos a expectativa de ágio", avisa Navarrete. O cenário econômico interno, com dificuldade na obtenção de crédito, aliado a necessidade de investimentos contida na renovação de concessão pode ser fator reativo. Contatos de empresas interessadas já vem sendo feitos com os Ministérios de Minas e Energia e da Fazenda, além do próprio governo de Goiás. Ainda será feita uma espécie de Road Show organizado pelo BNDES em que interessados de dentro e fora do país serão visitados. O dinheiro arrecadado com a venda das ações da Celgpar deve ficar diretamente com a holding controladora.

A compra da Celg promete ser disputada. Apesar das condições da privatização ainda não terem sido divulgadas, vários grupos nacionais, como Energisa e CPFL já sinalizaram que teriam interesse na distribuidora. Especula-se ainda que a chinesa State Grid, que no Brasil atua apenas no segmento de transmissão de energia, também deva entrar na competição.