O mês de dezembro mal começou e a usina de Itaipu, no Paraná, a exemplo do que ocorreu em novembro, já está vertendo. No mês anterior, a hidrelétrica passou mais tempo com o vertedouro aberto do que fechado. Na manhã da última quarta-feira, 2 de dezembro, a UHE verteu 11.407 metros cúbicos de água por segundo, o equivalente a dez vezes a vazão média das Cataratas do Iguaçu, em torno de 1,2 mil metros cúbicos de água por segundo em períodos de seca e 1,5 mil metros cúbicos de água por segundo em épocas de cheia.

Duas das três calhas foram abertas para liberar o excedente não usado para a produção de energia elétrica. Uma segunda calha normalmente é aberta quando o vertimento supera os 10,5 mil metros cúbicos de água por segundo. A medida é operacional. Mesmo vertendo, Itaipu está produzindo em capacidade máxima para suprir o Brasil e o Paraguai. Em novembro, o vertedouro ficou 26 dias aberto e quatro fechado.

Boa parte dessa situação ocorre em função do fenômeno El Niño, um dos mais intensos de todos os tempos, caracterizado por um aquecimento anormal das temperaturas do oceano Pacífico na sua porção equatorial, quando o valor registrado supera em 1 °C a média histórica por pelo menos seis meses consecutivos. O fenômeno, inclusive, já está sendo comparado aos registrados nos anos de 1997/1998 e 1982/1983. Para entender ainda melhor o cenário atual, novembro de 2015 foi o segundo mais chuvoso da história, atrás apenas de 2002. No mês passado choveu 311 milímetros. No ano do recorde foram 418,80 milímetros.

No mês de novembro do ano passado, não houve nenhum vertimento em Itaipu. O Brasil vivia uma situação atípica, com uma seca histórica. Na região oeste do Paraná, o mesmo fenômeno se repetia. O reservatório da hidrelétrica estava numa cota bem menor do que a atual. Hoje, a usina opera com a cota de 220,40 metros acima do nível do mar. Geralmente, em situações normais de consumo e de operação, acima de 220,30 metros, a usina começa a verter.

Itaipu mantém uma Comissão de Cheia mobilizada. Boletins hidrológicos são emitidos diariamente com o monitoramento dos rios e avisos de alertas para a defesa civil tanto do Brasil, como do Paraguai. Em novembro, o vertedouro chegou a ficar com todas as três calhas abertas. Geralmente, ficam abertas apenas uma ou, no máximo, duas. A abertura ocorreu depois de quatro anos para testes operacionais. O vertimento passou dos 10,5 mil metros cúbicos de água por segundo, o equivalente à vazão média de oito Cataratas do Iguaçu.