A variação cambial neutralizou o impacto do aumento significativo das tarifas de energia resultante da Revisão Tarifária Extraordinária e da aplicação da bandeira vermelha em 2015, quando comparada a tarifa em dólar do Brasil com a de outros países. A conclusão está na terceira edição do estudo comparativo de tarifas, realizado anualmente pela Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica.

O levantamento mostra que o aumento tarifário médio para o consumidor residencial foi de 44%, sem incluir a tributação.  Com isso, a tarifa média atingiu o valor de R$ 482/MWh. No segmento industrial, o impacto tarifário foi de 55%, com um valor médio de R$385/MWh.

Em 2016, alguns fatores devem contribuir para o aumento e outros para a redução das tarifas de energia. Um deles é a bandeira tarifária, que pode deixar de impactar o preço da energia a partir de março, se o período úmido registrar muita chuva até lá. Outra variável é a tarifa de repasse da energia de Itaipu, que é cotada em dólar e deve ser menor no ano que vem. 

Entre os itens que podem pesar nas tarifas está energia das  cotas das 29 usinas hidrelétricas que foram leiloadas no último dia 25 de novembro e terão impacto no financeiro em torno de R$ 1 bilhão, de acordo com estimativas da Abradee. São 3 mil MW médios ao custo médio de R$124,88/MWh.

O estudo da Abradee revela que em 2014 a tarifa residencial brasileira ficou alinhada com as tarifas praticadas nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, que tem como integrantes Canadá, Coréia do Sul, Estados Unidos, Turquia, França, Suécia, Grécia, Japão, Reino Unido, Itália, Espanha. Alemanha e Dinamarca. Em 2015, o aumento tarifário foi totalmente compensado pelo impacto da taxa de câmbio, que manteve inalterada a posição do Brasil em relação a esses países. O estudo considerou uma taxa média de cambio de R$2,36 por dólar no ano passado e de R$ 3,50 por dólar este ano.

Outra conclusão é que o índice de satisfação do consumidor com a qualidade do serviço prestado pelas distribuidoras é melhor no Brasil que na média dos países da América Latina. Ele atingiu 77,3 em uma escala de zero a 100, contra 74,5 na mesma base de comparação. "Podemos afirmar que o consumidor residencial brasileiro está, na média, mais satisfeito que o de outros países", explicou o presidente da Abradee, Nelson Leite, em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 2 de dezembro.

Na questão da qualidade do fornecimento, o Brasil está em terceiro entre os Brics (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), com 4,1 em uma avaliação que vai de ruim (1) a excelente (7). A infraestrutura do serviço de distribuição de energia no país também se destaca quando comparada a outros países da América Latina.