O setor elétrico precisa de um mecanismo de financiamento para projetos novos. As alternativas existentes atualmente não estão sendo suficientes para a expansão dos investimentos. Entre os motivos estão o custo de captação junto aos bancos e a paralisia do mercado de capitais em função do momento da economia brasileira. Uma das ideias que poderiam viabilizar essa falta de recursos seria a criação de um instrumento no modelo dos já existentes LCA para a agricultura ou LCI para o mercado imobiliário.
Segundo o CEO da CPFL Renováveis, André Dorf, o mercado precisa dessa alternativa semelhante aos dois citados, mas que fosse direcionada para o segmento de infraestrutura e de longo prazo. Entre as características desse mecanismos de financiamento está o custo que deve ser acessível e atrativo aos investidores institucionais como fundos de pensão, fundos soberanos, fundações e gestoras de ativos.
“Hoje o mercado está focado no curto prazo que oferece rendimento alto, liquidez e proteção do fundo garantidor de crédito. Não existe incentivo em migrar para instrumentos de maior prazo ligados ao setor de infraestrutura”, argumentou Dorf.
Segundo ele, as já existentes debêntures de infraestrutura poderiam ocupar esse espaço no setor. Contudo, disse, teríamos que ter mais atratividade pois esses papeis possuem mais apelo para a pessoa física e há limitações de grandes fundos em participar. Hoje, acrescentou, o alcance das debêntures é limitado e esse título ou mesmo na sua modalidade convencional possui um custo alto.
Foram as condições macroeconômicas do Brasil que levaram a CPFL Renováveis a evitar a participação em leilões de energia promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica em 2015. A companhia também figurava entre as empresas aptas a disputar dois lotes do leilão de relicitação de 29 usinas existentes na semana passada. De acordo com Dorf, não apresentaram um lance porque o ambiente e as condições não estavam favoráveis para entrar na disputa “Diante do custo de dívida e custo do dinheiro julgamos que era mais disciplinado ficar fora do leilão”, declarou ele.
Como consequência para o setor elétrico, comentou Dorf, a perspectiva é de que com o funding mais elevado os investimentos novos que serão viabilizados serão aqueles com a taxa interna de retorno mais elevada. Além disso, a tendência é de ver mais consolidação no setor elétrico como um todo. “A empresa precisa estar preparada financeiramente para enfrentar o cenário com projetos novos, mas vejo que está favorável para a consolidação do setor”, acrescentou. Em sua avaliação, o setor de renováveis segue atrativo em perspectivas de crescimento e projetos bons. Com alguma estabilidade macroeconômica ele acredita que o segmento continuará crescendo. Em relação à parte regulatória, ele afirmou que a perspectiva é de que haja uma estabilização em termos na parte institucional e a tendência que quanto mais estável, maior a chance de crescimento acelerado.