A insegurança regulatória no país é o fator preponderante para que o país não consiga atrair mais investidores para o setor elétrico, mesmo com o atual nível do dólar, que deixa o pais mais barato para o capital externo. A avaliação é de que essa atividade no país, como produto é atrativo e robusto, mas que é necessária estabilidade para que tenha mais empresas com recursos dispostas a chegar ao país, ainda mais em momento considerado como delicado no mercado financeiro.
Na avaliação do CEO da CPFL Renováveis, André Dorf, a instabilidade regulatória e econômica traz essa incerteza a investidores, private equity, fundos de pensão e fundos soberanos de países a aportar recursos. “O que acontece é que há instabilidade regulatória no setor. Além disso temos o fator economia, quando um investidor vem e coloca US$ 100 no Brasil não se sabe qual deverá ser o retorno”, avaliou ele em evento promovido pela CPFL Energia em parceria com o Instituto FHC, em São Paulo. Para ele, esse não é o momento em que se vê investidores apostando no Brasil.
De acordo com o executivo, o país carece de instrumentos e políticas que incentivem aportes no longo prazo. Hoje, relatou ele, as opções estão limitadas ao BNDES, contratos bilaterais ou recursos no mercado financeiro com altos custos. Ele relata que o principal banco de fomento ao setor de energia no país ainda continua com a participação máxima de 70% no financiamento de projetos, o que é positivo. Entretanto, disse, a própria elevação da TJLP faz com que a financiabilidade dos empreendimentos seja menor em decorrência de um maior custo da dívida. “Isso dá a sensação de que o banco esteja mais lento”, acrescentou.
O ex-secretário de energia do estado de São Paulo, José Aníbal (PSDB-SP), lembrou que depois da MP 579 os investidores passaram a viver em estado de desconfiança com o governo. Segundo sua avaliação durante o evento, a MP 688 é um instrumento que pode ser classificado como uma medida caça níquel instituída pelo poder concedente e que foi mal feita. “O governo a fez para receber um dinheiro na base do impulso. O clima de insegurança é terrível, como se sensibiliza um investidor com esse clima?”, questionou o político.
Para o presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Júnior, o setor elétrico possui uma base técnica competente. O problema, disse ele, é que no momento está se correndo atrás de decisões passadas que pressionaram o setor como um todo. Ele comentou que a regulação tem que acompanhar a evolução do setor elétrico, mas que isso demorou para acontecer e exemplificou com o caso do GSF, que depois de cerca de 18 meses é que se discute uma solução.
“O último ministro não era muito afeito a nossas demandas. A demora da solução para o GSF é do mandato anterior”, apontou ele. “O ministro atual chegou e em pouco mais de oito meses chegamos ao realismo tarifário e a bandeira tarifária”, acrescentou o executivo. Nas discussões do evento, o presidente da holding paulista comentou que o setor pode reclamar da institucionalidade e que ter uma boa liderança ajuda. “O setor dessa importância não pode ser liderado por quem não entenda”, alfinetou.