Ao mesmo tempo que surgiu no mercado oferecendo placas flutuadoras solares por meio da parceria com a francesa Ciel et Terre, a Sunlution viu o prestígio desse equipamento crescer. O ministro Eduardo Braga revelou o desejo de dotar os reservatórios das hidrelétricas com as placas e a Chesf já deu a largada no projeto de Pesquisa & Desenvolvimento que vai dar as diretrizes sobre o tema na UHE Sobradinho. Mas a procura pelos flutuadores solares não ficou restrita apenas as empresas do setor elétrico detentoras de hidrelétricas e PCHs. Orestes Gonçalves, sócio diretor da Sunlution, tem visto o setor agrícola aparecer com grande interesse. A temática da água fez com que a procura aumentasse. "Conseguir uma outorga da água está difícil. Não é apenas o payback da venda da energia", explica.
O objetivo é colocar as placas sobre açudes ou lagos onde há agricultura de irrigação, em que é possível preservar até 70% a redução da evaporação, dando cerca de 30% a mais de volume de água por ano. Outro aspecto que tem feito o setor agrícola procurar os flutuadores é o selo verde de energia renovável, que pode elevar o preço de algumas commodities em até 3%. O terceiro fator que vem despertando o interesse do setor agrícola nas placas flutuantes, principalmente no Nordeste, foi a possibilidade de o produtor não ficar preso apenas a rede da distribuidora local, que muitas vezes são ineficientes, proporcionando um baixo resultado operacional. A volta à produção após quedas de energia chega a demorar duas horas.
O setor de saneamento e abastecimento também tem procurado a Sunlution para instalar placas nos reservatórios. Nesse caso, a intenção é que além de um custo menor com energia, um dos principais gastos nesse setor, seja reduzida a evaporação da água, aumentando o volume. "Ela aumenta a receita, porque ele vai ter mais água para vender e vai ter o custo com energia administrado. Algumas empresas já estão nos procurando para isso", avisa. Outro segmento que tem avaliado a instalação de placas solares são as empresas de aterro sanitário. Devido à instabilidade de um aterro, fica impossibilitada a colocação de uma estrutura solar tradicional em uma área já impactada ambientalmente.
Ainda sem ter um contrato fechado, Gonçalves revela que as negociações estão caminhando bem com os potenciais compradores e que em breve poderá anunciar o cliente. Segundo ele, o P&D da Aneel em Sobradinho está em fase inicial e no primeiro trimestre de 2016 deve terminar a primeira fase. A atual situação do reservatório da hidrelétrica nordestina não vai afetar a instalação das placas flutuantes, já que área em questão é pequena. Para o executivo, poderia ser feito um plano de recuperação do rio São Francisco. A instalação das placas nas hidrelétricas possibilitaria o despacho solar durante o dia de modo a preservar a água. "Isso é muito eficaz e econômico que gerar energia a óleo. Com essa experiência, vamos preservar a água das bacias", aponta.
Ele não nega que a crise da água que passa o país acabou sendo uma boa oportunidade para a Sunlution. Outro aspecto positivo também foi a participação exitosa da fonte nos leilões de energia. "O flutuador pega um momento bom de poder não só trazer a geração solar, mas traz também a gestão da água para um mesmo local, isso que é um diferencial", conclui.