O Operador Nacional do Sistema Elétrico projeta para o final do ano uma queda de 1,9% na demanda por energia no acumulado de 2015 quando comparado a 2014. O maior responsável por esse desempenho é o submercado Sudeste/Centro-Oeste que deverá encerrar com um consumo 3,5% menor, seguido pelo Sul com recuo de 3,1%. No sentido contrário está o Nordeste com a previsão de crescimento da carga em 3,5% e o Norte com aumento de 1,8%, este último devido à interligação da capital do Amapá, Macapá, ao SIN. Os dados foram apresentados nesta quinta-feira, 26 de novembro, no primeiro dia da reunião do Programa Mensal de Operação para dezembro.
Para janeiro de 2016, a previsão de carga é de queda de 7,2% no SE/CO para 38.500 MW médios. Esse patamar está bem próximo da segunda revisão quadrimestral. No sul a expectativa é de que a demanda fique 6,4% menor do que no mesmo mês deste ano com 11.613 MW médios. Já nos outros submercados a tendência é a inversa, de crescimento de 1,7% no Nordeste para 10.910 MW médios e 5.450 MW médios no norte, o que representa um aumento de 9% na comparação com janeiro deste ano. Em todo o SIN a previsão é de que a demanda em janeiro fique em 66.479 MW médios.
As expectativas levam como base a previsão de permanência da precipitação no Sul e Sudestes, com pancadas no Norte e as temperaturas entrando em elevação. Essa característica de chuvas deve-se ao El Niño estabelecido, que está em sua fase madura e é o terceiro mais forte do histórico de medições.
Esse perfil de chuvas já foi verificado no mês de novembro. A perspectiva era que de que no Sul as afluências ficassem inicialmente em 168% da MLT mas passou para 214% da média histórica. Esse excedente energético acabou sendo transferido para o Sudeste algo entre 3.300 e 3.400 MW médios. Aliás, o próprio submercado SE/CO apresentou o mês de novembro favorável em termos de vazão, tanto que a previsão inicial passou de 92% para 100% da média histórica para o período.
Já a previsão de energia natural afluente para o mês de dezembro está em 113% da média de longo termo no SE/CO. A perspectiva inicial é de que o Sul continue a ter o maior volume de vazões do país com 164% da MLT no mês que começa na terça-feira. Já o Nordeste tem previsão de ENA de 47% da média enquanto no Norte são esperados 40% da média. Esses dados são preliminares e poderão ser alterados pelo operador até a divulgação oficial do PMO do mês de dezembro que ocorre na próxima sexta-feira, 27 de novembro.
Como consequência, relatou o ONS no encontro com os agentes, houve a abertura de vertedouros em Jurumirim e Barra Bonita. Além disso, foi registrado que a chuva começou a chegar na bacia do rio Grande e do Paranaíba. Com isso, a perspectiva é de que se chegue ao armazenamento de 27% ao final do mês. Outro fator favorável no SE/CO é que a estação chuvosa chega em um período em que o solo não está tão seco.
Finalmente após dois meses seguidos o ONS apontou que o lago da UHE Sobradinho não deverá alcançar o nível zero. A nova previsão é de que o reservatório não fique com menos de 1%, atualmente está em 1,6% e as chuvas que começaram a chegar à bacia do São Francisco deverão chegar àquela barragem em sete dias. Já no Norte o mês foi de afluências estáveis com o início da ocorrência de precipitações no Araguaia e no Tocantins, apesar de levar um tempo para chegar à UHE Tucuruí.
Em termos de operação do sistema, houve a necessidade do despacho de térmicas com o CVU acima de R$ 600/MWh para atendimento da demanda com a elevação das temperaturas. No NE houve a elevação da carga também e redução dos ventos com o recuo da geração eólica em 1.000 MW médios. Por sua vez no sul houve recorde de geração por meio dos ventos sendo registrado de 1.130 MW médios, sendo que esse patamar está mantido em função das rajadas à noite que chegam com as frentes frias.
O rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Samarco, em Mariana (MG) levou ao desligamento das UHEs Baguari, Aimorés e Mascarenhas antes que a lama chegasse às centrais. Por sua vez a de Candonga não conseguiu o mesmo e teve a interrupção das máquinas. Esse acidente, reportou o ONS, marcou o pior outubro do histórico do rio Doce, tanto que as usinas já estavam operando há algum tempo em condições mínimas de uma única máquina.