A General Electric planeja instalar uma nova unidade industrial no Brasil. A fábrica comercializará inicialmente equipamentos para iluminação pública e privada, que incluí luminárias com tecnologia LED e software de telegestão. A decisão da empresa considerou a oportunidade proporcionada com a mudança na legislação do setor elétrico brasileiro, que transferiu a gestão da iluminação pública para os municípios.
A GE está participando de pelo menos três licitações municipais para adquirir o direito de desenvolver e operar esses sistemas públicos de iluminação. A maior oportunidade está em São Paulo, cujo contrato de 20 anos está estimado em R$ 7,3 bilhões. “A iluminação pública é o estopim. Ela vai ser o incentivo inicial para ter esse volume e a gente construir a planta”, afirmou à Agência CanalEnergia Rodrigo Martins, presidente da GE Lighting América Latina. “Estamos com o projeto [da fábrica] pronto e investimento aprovado”, afirmou sem revelar o valor do novo investimento.
Segundo o executivo, a fábrica produzirá a carcaça, o vidro, a ótica e toda a parte de dissipação de calor de uma luminária. Só o LED será importado de outras unidades da GE do Japão ou da China. “O LED precisa ter uma escala gigantesca para valer a pena montar uma fábrica”, justificou ao conversar com a reportagem durante do Fórum Luz, Cidade e Conectividade, realizado em São Paulo, nesta terça-feira, 24 de novembro.
A solução de telegestão, chamada de LightGrid, é uma combinação de software e hardware que realiza a coleta e o processamento de dados remotamente e em tempo real por meio de redes sem fio. Esses dados podem ser utilizados tanto para a operação mais eficiente da iluminação pública quanto para subsidiar a implementação de futuras políticas públicas que melhorem a qualidade de vida da população.
O executivo também não precisou a localização da fábrica, mas garantiu que a nova linha de produção será implantada dentro de uma das 18 unidades da GE existentes no Brasil. A dúvida gira em torno de dois Estados brasileiros. A expectativa é que a nova unidade seja montada em nove meses, pois toda a estrutura civil está pronta e toda a cadeia de fornecedores locais dos componentes já foi negociada. Atualmente, o mercado da América Latina de iluminação da GE é atendido por uma fábrica no México, com 600 mil metros quadrados. “No Brasil vai ser menor que essa, mas tem que ser uma fábrica robusta”, disse Martins.
No Brasil, cidades como São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), e Vitória (ES) já buscam maneiras de modernizar seus sistemas de iluminação com base em soluções de LED e telegestão. O benefícios imediatos dessa solução é a redução no consumo de energia da ordem de 50%, maior nível de luminosidade e maior segurança nas ruas. Cálculos da GE estimam que a substituição de todo o sistema de iluminação pública do Brasil por LED resultaria na economia de 98 TWh por ano, o equivalente ao consumo anual de duas cidades como Belo Horizonte.
No caso do projeto de iluminação de São Paulo, considerado o maior do mundo, a GE participará da licitação – marcada para 14 de janeiro – por meio de um consórcio formado com a Planova, a Manserv, a Celt e Engeform. “São mais de 730 mil pontos de iluminação [para serem trocados em São Paulo]”, informou Martins. A expectativa é que ao menos dez licitações de iluminação pública sejam realizadas no Brasil em 2016.