Chamado de painéis de terceira geração, o filme solar orgânico acaba de ganhar uma fábrica no Brasil. A SUNEW, empresa criada para produzir e comercializar a tecnologia, investiu R$ 100 milhões na unidade localizada em Belo Horizonte, Minas Gerais, e com capacidade para produzir mais de 300 mil metros quadrados por ano do filme solar orgânico. Com vocação para geração distribuída, o objetivo da tecnologia é gerar energia ao mesmo tempo em que integra o produto na vida das pessoas e nas cidades.

Parecido com um insulfilm, o filme solar orgânico pode ser colocado em fachadas, carros e coberturas, por exemplo, que não aguentariam o peso de um painel fotovoltaico tradicional ou até por razões estéticas. "É possível fazer um painel translúcido, flexível, por exemplo, aliando design com geração de energia", explicou Tiago Alves, fundador da SUNEW à Agência CanalEnergia. A SUNEW Filmes Solares Orgânicos é uma sociedade do CSEM Brasil, BNDESpar, FIR Capital, Tradener e CMU Energia.

O peso do produto é um diferencial. Alves conta que um rolo com plástico impresso de aproximadamente 1 quilômetro de comprimento pesa da ordem de 30 a 40 quilos e gera uma energia que em um painel de silício pesaria mais de uma tonelada. "A geração de energia do filme depende muito de lugar para lugar, mas, numa aproximação, a gente pode estimar da ordem de 100 kWh por metro quadrado por ano", calculou.

O filme plástico orgânico pode ser integrado na rede como qualquer painel fotovoltaico e, além de ser leve, flexível e transparente, tem o coeficiente de temperatura positivo, ou seja, quanto mais quente, melhor o seu funcionamento. Para Alves, a tecnologia é uma mudança de paradigma. Entre as diversas aplicações possíveis estão fachadas de prédios, mobiliário urbano, superfícies de reservatórios, automóveis e galpões metálicos.

A fábrica já tem encomendas e, a partir do mês que vem, vai ser iniciado o projeto da fachada do prédio da nova sede da Totvs, empresa de tecnologia brasileira. "Temos ainda projetos em desenvolvimento com a Votorantim e com a Fiat, mas eles estão na etapa de customização, de integração do filme solar nas soluções de cada cliente", contou.

Ao contrário das células tradicionais, os dispositivos orgânicos, feitos com polímeros e plásticos, representam um décimo da pegada de carbono do ponto de vista da sua produção, além de serem leves, transparentes, de fácil transporte e instalação. Eles permitem a utilização mais limpa e ampla da energia solar para a geração de eletricidade, podendo ser aplicados no revestimento de estruturas, janelas, dispositivos eletrônicos como celulares, mouses e teclados sem fio, e até mesmo em veículos ou em casas em localidades remotas ainda sem eletricidade. "A gente está vivendo uma transição, de um mundo onde a energia era gerada em usinas, para um mundo onde a energia vai ser gerada nas nossas vidas", apontou Alves.