Os Institutos Lactec assinaram uma parceria internacional com 13 instituições para estudar a segurança cibernética. O tema passou a ser ainda mais relevante no setor elétrico a partir da viabilização de projetos de smart grid. As transmissões de dados entre o consumidor e a concessionária de energia são feitos por meio da nuvem e, sem segurança, não é possível garantir eficiência e o controle de perdas, uma vez que o sistema pode sofrer ações de hackers ou inconsistências.

"A ideia desse projeto é criar e validar sistemas computacionais em nuvem para aplicações críticas, nesse caso, aplicação crítica é aplicação de medição de energia", explicou o pesquisador do Lactec Rodrigo Riella à Agência CanalEnergia. Além do Lactec, assinaram a parceria a Universidade Federal de Campina Grande; a Universidade Federal do Paraná; a Universidade Federal de Itajubá; a Copel-D; a CAS Tecnologia; o Inmetro; Technische Universität Dresden (Alemanha); Imperial College (UK); University of Neuchâtel (Suiça); Chocolate Cloud ApS (Dinamarca); Synclab S.r.l. (Italia); Israel Electric Corporation Ltd (Israel); e CloudSigma AG (Suiça).

Riella explica que a aplicação de segurança tem que ser de ponta a ponta. "Ela tem que sair da ponta do medidor até onde vai sair o faturamento, ou seja, do consumidor ao concessionário", afirmou o pesquisador. Ele contou que um dos primeiros trabalhos do Lactec desse tipo foi em 2010 no desenvolvimento de medidores com certificação digital para a Light. Segundo ele, foi desenvolvido um sistema de certificação digital dentro do medidor para garantir a segurança das comunicações e também a validade de dados do medidor.

"Nós implementamos um sistema que faz a assinatura digital em padrões muito próximos dos que são usados hoje em transações bancárias. O intuito inicial era utilizar exatamente os mesmos padrões. Só que o protocolo ficava muito pesado na rede de comunicação de medição e também o montante de dados que seria enviado ficava pesado. Então, a gente teve algumas alterações no sentido de diminuir o peso e o montante de dados que seriam enviados", explicou Riella.

O pesquisador lembra que até 2009, 2010 existiam poucas solicitações para aplicações de segurança na rede no setor elétrico. Mas, com o smart grid, a demanda aumentou porque passou a ser realmente necessária a aplicação. "No Brasil já temos problemas sérios, bem conhecidos, de fraudes em medidores de energia", diz. Ele avalia que com os sistemas de telemedição, as fraudes podem migrar do medidor para o sistema de telecomunicações. "Se não tiver um sistema bem definido, o smart grid pode virar uma porta de entrada para o sistema", avisa.

Ele comenta que hoje o Inmetro está fazendo rodadas de reuniões para decidir qual tipo de segurança deve ser utilizado. Riella lembra que em Mato Grosso houve fraude nos medidores eletrônicos, porque eles seguem apenas as normas da ABNT, que tem um nível de segurança muito simples, com a utilização apenas de senha. "O que é importante neste momento é que o setor está se preocupando com isso e vendo que é uma necessidade latente. A forma como se tratava o setor elétrico está mudando com a entrada do smart grid e a questão da segurança, que já era importante antes, está se tornando vital", avaliou.