O Brasil lançou na atmosfera 1,558 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente em 2014, o que representa uma redução de 0,9% em relação ao 1,571 bilhão de toneladas emitidas em 2013. Entretanto, o resultado poderia ser bem mais positivo se o setor de energia não tivesse aumentado suas emissões no ano passado: verificou-se uma alta de 6% na quantidade de carbono lançada ao ar, o que impediu que a queda de 9,7% no setor de mudança de uso da terra (desmatamento) fizesse diferença na contribuição do Brasil para o aquecimento global.
As informações são da nova estimativa do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, divulgadas nesta quinta-feira, 19 de novembro. “Os novos dados consolidam o fim da fase de queda de emissões verificada entre 2004 e 2009. Desde então, as emissões têm flutuado em torno de 1,5 bilhão de toneladas de CO2”, afirma Tasso Azevedo, coordenador do SEEG.
Em 2014, o setor de energia emitiu 479,1 milhões de toneladas (mt) de CO2 equivalentes, mesmo nível de emissões do setor de mudança de uso da terra (486,1 mt CO2e), principal fonte de gases-estufa da economia brasileira. Só a geração de energia elétrica aumentou em 23% as emissões na comparação com 2013, devido, principalmente, ao acionamento de termelétricas para fazer frente à seca que esgotou os reservatórios das hidrelétricas no país.
A produção de combustíveis teve aumento de 6,8% nas suas emissões devido à produção e ao refino de óleo e gás – que inclui a exploração do pré-sal. O setor de produção de combustíveis registrou aumento de 6,8% nas suas emissões devido à produção e ao refino de óleo e gás – que inclui a exploração do pré-sal. Já o segmento de transporte emitiu 3% mais do que em 2013.
Segundo Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, os dados do SEEG acendem uma luz amarela sobre a INDC, o plano climático anunciado pelo Brasil para a conferência do clima de Paris, que começa em 11 dias. De acordo com a INDC, o Brasil se compromete a realizar reduções absolutas de emissão em toda a sua economia após 2020.
“Isso preocupa, porque 2020 é depois de amanhã”, diz Rittl. “O país precisa fazer uma transição econômica importante se quiser entregar não apenas o que prometeu na INDC, mas um corte de emissão maior, compatível com a meta de manter o aquecimento global abaixo de 2º C. Com esses níveis de emissão, o espaço para essa transição fica pequeno. Estamos longe da trajetória em que precisamos estar”, completou.