As dificuldades de licenciamento e de financiamento são apontadas pelos agentes como as principais responsáveis por afugentar os investidores dos últimos leilões de transmissão. Nesta quarta-feira, 18 de novembro, apenas quatro de 12 lotes foram arrematados. "Se a gente tivesse que explicar a não presença de players em vários lotes é pela dificuldade de financiamento", disse Sérgio Facchini, presidente do Conselho da Planova, que levou o lote G. "Existe uma dificuldade de financiamento… No lote H estávamos sozinhos, mas não havíamos conseguido viabilizar o financiamento", justificou o executivo o motivo de não ter apresentado proposta para o lote H.

Célio de Oliveira, diretor presidente da Cel Engenharia, empresa que levou o lote L em parceria com a Celg GT, apontou que as construtoras estão "sofrendo" com os processos de licenciamento e de passagem das linhas. "O investidor foge muito desse tipo de projeto porque temos uma incerteza muito grande que são o meio ambiente e o fundiário. Essa discussão precisa de ser mais detalhada. A sociedade precisa entender que para ter energia precisa passar a rede. Hoje as empresas que estão na construção estão sofrendo muito com o fundiário… exigências que realmente extrapolam qualquer planejamento. Essa incerteza é um problema para quase todos os investidores e quase todos os projetos."

O diretor Corporativo do grupo espanhol ACS Industrial, Jaime Llopis, – representante do Consórcio TCL, que conquistou a concessão do Lote A, o maior do certame –  deu a entender que a estrutura de financiamento para o empreendimento arrematado nesta quarta-feira ainda não fechada.  Llopis falou da necessidade de juntar "competência, com profissionalismo" para desenhar novas estruturas de investimento. "Acho que têm empresas no setor privado e financeiro interessadas num momento como este no Brasil. Cabe a nós a reponsabilidade que isso seja viável", disse.

Em todas as falas, o BNDES e as debêntures de infraestrutura seguem como as principais alternativas de financiamento do setor de transmissão. Além disso, foi considerada a possibilidade de se captar dinheiro fora do país, mas a volatilidade do câmbio impõe mais um risco aos agentes.