Ao final de 2018, quando o complexo eólico Lagoa do Barro (195 MW), no Piauí, estiver concluído, a proprietária do empreendimento, a Atlantic Energias Renováveis, terá alcançado 652 MW em capacidade instalada. O plano da empresa é alcançar esse volume por meio de um plano de investimentos que terá somado R$ 3 bilhões. Até lá, é possível que a empresa já tenha avaliado as perspectivas de enveredar pelos caminhos da fonte solar fotovoltaica.
Esse é um resumo do plano anunciado pela companhia, que iniciou a implantação do complexo de Santa Vitória do Palmar (207 MW) no Rio Grande do Sul, começou a operação do Complexo de Morrinhos que terá 180 MW até fevereiro de 2016 e inaugurou um centro de operações em Curitiba, onde está a sede da empresa. São sócios da Atlantic a britânica Actis (60%), a brasileira Pattac (24%) e a espanhola Servinoga (16%).
De acordo com o presidente da Atlantic, José Roberto de Moraes, a geração em Santa Vitoria do Palmar deverá ocorrer entre o final de 2016 e início de 2017. Ele disse que é possível que tenha a antecipação, mas que a empresa opta pelo pragmatismo e, por isso, trabalha com a data do cronograma oficial do projeto. Justamente nesse período será a vez de iniciar a implantação dos parques no Piauí que encerram o ciclo do atual plano de investimentos.
“Durante o ano que vem deveremos ter uma reunião de acionistas para a elaboração de um segundo business plan até porque temos um pipeline de 1 GW em projetos eólicos, a grande parte desse horizonte de crescimento por meio da expansão dos nossos parques atuais”, afirmou o executivo à Agência CanalEnergia. “Estamos muito demandados com os empreendimentos, precisamos consolidar esses investimentos para pensar em novos aportes, essa é a filosofia no momento”, apontou.
O otimismo da empresa com a fonte tem se balizado nos resultados obtidos até o momento. Segundo um estudo realizado por Felipe Freitas, um aluno de engenharia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido do Rio Grande do Norte, o parque Eurus II da empresa alcançou um fator de capacidade de 78,11% em agosto deste ano, o maior do país. Por sua vez, o Renascença V ficou em 9º lugar neste ranking elaborado com todos os parques eólicos ao registrar 75,17% de fator de capacidade naquele mês.
Nesse próximo horizonte de planejamento a Atlantic admite que poderá até mesmo incluir a fonte solar fotovoltaica em seus investimentos futuros. Na avaliação de Moraes, nos últimos dois anos esse tipo de empreendimento vem passando por um período de transformação por aqui. “Vemos com bastante otimismo a fonte. Há dois ou três anos a solar não passava de intenções e hoje com os leilões realizados já vemos que é real. O governo parece estar sinalizando o mesmo caminho da eólica”, acrescentou o presidente da companhia.
Contudo, ele diz que ainda é uma preocupação dele um descompasso que existe entre a velocidade dos investidores em novos projetos e dos órgãos oficiais em âmbito municipal, estadual e federal, que acaba levando a dificuldades na obtenção de todas as autorizações para tirar um empreendimento do papel ao custo estimado no início da modelagem desse projeto. “Exemplos não faltam temos um protocolo para obter uma licença ambiental para um projeto eólico datada de 5 de dezembro de 2014 e até agora não temos o documento”, criticou. Outro exemplo de descompasso foi visto no empreendimento recém-inaugurado, o de Morrinhos, que passou dois meses parado depois de ficar pronto porque não tinha como escoar a energia.
Tanto Morrinhos quanto Santa Vitória do Palmar foram negociados em leilões A-5. Apesar disso o executivo disse que a Atlantic se mostra disposta a colocar projetos em certames A-3 que são classificados como de tamanho ideal para a fonte.