O secretário-adjunto do Ministério de Minas e Energia, Moacir Carlos Bertol, afastou o risco de problemas no escoamento de futuros projetos de geração no Brasil. A preocupação foi levantada porque vários empreendimentos não foram contratados nos últimos leilões de transmissão. Nesta quarta-feira, 18 de novembro, apenas quatro de 12 obras foram viabilizadas. “Não existe preocupação com a geração. Não tem comprometimento no escoamento da geração. O sistema integrado tem condição de escoar a energia contratada”, afirmou o representante do governo, em coletiva de imprensa na BM&FBovespa, em São Paulo.

Há projetos que por três vezes foram rejeitados pelos investidores. Nessa situação está o lote I. O sistema será responsável por reforçar o atendimento elétrico da região metropolitana de Belém, no Pará. “O Lote I é a terceira vez que vem a leilão e não teve proposta. Diante dessa realidade, como é para o atendimento de uma área importante, a EPE e o MME vão fazer uma reavaliação da localização dessa subestação e das linhas associadas”, informou Bertol. “É um lote que vai ter muita atenção por parte da EPE, do MME e da Aneel para tentarmos relicitar o mais rápido possível e que tenha viabilidade e sucesso no próximo leilão.”

O lote C, composto de uma linha de 275 km e duas subestações, também já fracassou por três vezes. Trata-se de um sistema no Leste do Mato Grosso e que tem finalidade de promover o atendimento adequado à região da Energisa MT, bem como reforçar a conexão das PCHs Fazenda, Salto dos Apiacás e Cabeça de Boi. “Estamos instalando uma térmica de 20 MW e isso vai permitir postergar [a obra de transmissão] um pouco mais”, disse o diretor da Aneel José Jurhosa Junior, lamentando o fato de que os consumidores brasileiros terão que pagar pelo combustível de uma usina a óleo.

Outro sistema importante, mas que também fracassou nesta quarta-feira, foi o lote B, composto por uma linha de 1.005 km. O empreendimento representa o terceiro circuito em 500 kV, que além de reforçar o escoamento da UHE Teles Pires, será responsável por escoar a produção das hidrelétricas Foz do Apiácas, São Manuel, Sinop e Colíder, no Mato Grosso. Para Jurhosa, o fracasso desses lotes está relacionado com a conjuntura do setor e não com a atratividade financeira dos projetos.

Também não foi licitado o lote F, composto por duas subestações e uma linha de 127 km, cujo objetivo é reforçar o sistema associação a entrada do 2º bipolo para o escoamento da energia gerada por Belo Monte, além de eliminar as restrições de intercâmbio entre as regiões Sul e Sudeste. Já o lote K, composto por uma subestação e uma linha de 92 km, visa garantir o elevado intercâmbio de energia entre as regiões Norte e Nordeste após a entrada da usina Belo Monte, além de interligar ao Sistema Interligado Nacional potenciais eólicos já contratados. Os lotes D e J são para reforçar o suprimento nas regiões do Mato Grosso e do Espirito Santo.